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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Ecossistema Babitonga, Retratos do Estuário

A exposição fotográfica "Ecossistema Babitonga: Retratos do Estuário" é um conjunto de 36 imagens que registram belezas naturais, degradação e crimes ambientais nos seis municípios da região nordeste de Santa Catarina: Araquari, Balneário Barra do Sul, Garuva, Itapoá, Joinville e São Francisco do Sul.
As imagens, metade em cores e a outra metade em P&B, captadas em 2024, receberam tratamento. A apresentação, das que retratam a beleza em P&B e das que registram ambientes degradados e crimes ambientais em cores, tem por objetivo provocar o observador à reflexão de que talvez estejamos nos acostumando a ver "beleza" na destruição.
A partir de 2025 o acervo será exposto em espaços públicos e privados que tenham interesse na exibição. Interessados devem fazer contato com o Clube de Oratória e Liderança (COL) para agendamentos.

Proposta selecionada pelo Edital Lei Paulo Gustavo LPG SC 2023 - executado com recursos do Governo Federal e Lei Paulo Gustavo de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense da Cultura, o projeto conta com o apoio de diversas entidades: Instituto Viva a Cidade (IVC), Clube de Oratória e Liderança (COL), Comitê Joinville do Movimento Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Santa Catarina, Grupo de Trabalho de Educação Ambiental da Baixada Norte (GTEA RH06) da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de Santa Catarina (CIEA-SC), Sindicato dos Radialistas e demais Empregados em Empresas de Radiodifusão e Televisão da Região Norte Nordeste de Santa Catarina (Sindiradio TV) e Coordenadoria Regional de Educação (CRE) Joinville da Secretaria de Estado de Educação (SED) de Santa Catarina.

As imagens circulam de outubro a novembro de 2024 nas seguintes escolas da rede pública de ensino estadual:
De 21/10 a 25/10 – EEB Olavo Bilac
R. Olavo Bilac, 205 - Centro (Pirabeiraba), Joinville - SC, 89239-100
Telefone: 47 34611576 
De 28/10 a 01/11 – EEB Carmem Seara Leite
R. Papa João XXIII, 619 - Centro, Garuva - SC, 89248-000
Telefone: 47 b34311427
De 04/11 a 08/11 – EEB Nereu Ramos
Av. Pérola do Atlântico, 256 - Itapema Do Norte, Itapoá - SC, 89249-000
Telefone: 47 34311429
De 11/11 a 15/11 – EEM Senador Luiz Henrique da Silveira
R. Iolanda Porcena Adão - Itinga, Araquari - SC, 89245-000
Telefone: 47b 34511798
De 18/11 a 22/11 – EEB Dom Gregório Warmeling
Av. São Francisco do Sul, 90 - Centro, Balneário Barra do Sul - SC, 89247-000
Telefone: 47 34311421
De 25/11 a 29/11 – EEB Santa Catarina
R. Barão do Rio Branco, 794-São José do Acaraí, São Francisco do Sul-SC, 89240-000
Telefone: 47 34611571

Os portões das escolas estarão abertos à comunidade com a recomendação de agendar, por telefone, a visita. Durante o mês de dezembro de 2024 a exposição ficará aberta ao público na sede da Coordenadoria Regional de Educação (CRE) Joinville da Secretaria de Estado de Educação (SED) de Santa Catarina:
De 0212 a 13/12 – Coordenadoria Regional de Educação de Joinville
R. 9 de Março, 817 - Centro, Joinville - SC, 89201-400
Telefone: 47 34611216

O projeto se conecta também com o artigo científico publicado em 01 de agosto de 2024 na Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA): Jornalismo & Educação Ambiental: Mobilização pela recuperação ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira (BHRC), de Joinville, Santa Catarina.
A exposição tem uma edição especial de jornal impresso, O Vizinho, com todo o seu conteúdo focado no projeto e um painel especial de fotos do Rio Cachoeira, de Joinville, SC, do período de 1940 a 1948. Estas imagens históricas, encontradas no lixo, retratam intervenções feitas no leito e margens do rio para permitir a navegação de embarcações com até 650 toneladas de carga ao Porto do Mercado Público.

Todas as imagens têm legenda com informações complementares e também #PraTodosVerem como um dos recursos de acessibilidade do projeto. Abaixo, separadas por municípios (em ordem alfabética) os 36 painéis fotográficos com as duas legendas:

Araquari






Balneário Barra do Sul





Garuva







Itapoá






Joinville







São Francisco do Sul








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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Barrancos, em Garuva (SC), Terra-Sem-Lei

No sábado, 25 de julho de 2015, estive em Garuva, SC, realizando uma investigação de denúncia de persistentes práticas de crimes ambientais. Saí de lá surpreso com a ousadia dos criminosos. Cabanas de caçadores, carvoeiras, devastação de Mata Atlântica no pé da Serra e subindo a montanha, urbanização e loteamento de áreas invadidas e desmatadas ilegalmente, mais áreas desmatadas escondidas mata acima, desmatamentos localizados propositalmente às margens das corredeiras, restos de caça etc...
Foram horas caminhando em uma Terra-Sem-Lei, aqui, vizinha de Joinville (SC).
















A foto acima foi tomada do fim de uma área já com várias casas e moradores instalados há alguns anos. Como se pode ver, ao fundo, há uma mancha de barro vermelho exposta por desmatamento praticado com uso de máquinas, supostamente da Prefeitura Municipal de Garuva.
Na foto abaixo, já estou acima daquele barro vermelho e no meio da vegetação nativa de Mata Atlântica. Continuo subindo no que já é uma estrada que passa ao meio de terrenos sendo demarcados, ou seja, loteamento na Mata Atlântica.
O crime vem sendo praticado há muitos anos, mas só em abril deste ano um cidadão inconformado decidiu tentar interromper a ação denunciando junto à Secretaria de Saneamento Ambiental da Prefeitura Municipal de Garuva, como pode ser visto neste documento abaixo, que por sua vez denunciou junto à Polícia Militar Ambiental.
A denúncia é de corte de vegetação, loteamento irregular e produção de carvão vegetal com espécies nativas na localidade de Barrancos.
No mesmo dia a denúncia também é feita à Polícia Militar Ambiental, contra o mesmo autor do crime, que segundo o denunciante trata-se do Sr. João Leite.
No cadastro de ocorrência ambiental número 310/2015 consta que está havendo a supressão da vegetação nativa, sem autorização, e a venda irregular de lotes em terreno invadido pelo denunciado; e que o desmatamento está danificando as nascentes que existem na propriedade. Uma parte da madeira nativa está sendo utilizada na fabricação de carvão e outra parte está sendo serrada.
Na foto abaixo se pode ver o caminho aberto no meio da Mata Atlântica e já descendo o primeiro morro. Estamos chegando noutra área escondida no meio da mata que está sendo devastada para os fins descritos na denúncia acima.
As duas fotos abaixo mostram a enorme clareira aberta no meio da Mata Atlântica sendo que a maioria dos troncos das árvores maiores já não está mais no local. Os fornos de carvão foram o destino, segundo meu guia.
Essa não é a única clareira aberta naquela área de vegetação nativa de Mata Atlântica.
Caminhamos mais alguns metros em picadas abertas margeando corredeiras e chegamos noutra clareira no meio da Mata Atlântica, como pode ser conferido nas duas imagens abaixo.
Apesar das denúncias, os crimes ambientais não foram interrompidos e o cidadão foi ao MP/SC (Ministério Público de Santa Catarina).
Na denúncia 05.2015.00013112-6, o denunciante registra "Que João Leite está desmatando áreas no Município de Garuva para depois vendê-las. Que o desmatamento atingiu nascentes de água. Que João Leite reside na Estrada Geral Barrancos, mais especificamente após 500 metros da igreja Católica da localidade. Que o terreno desmatado se localiza na Estrada Geral Barrancos, Bairro Barrancos, passando a casa de João Leite, a primeira estrada à esquerda, no final da rua.."
Na mesma denúncia feita ao MP/SC, o registro de uma situação que há anos também venho denunciando em minhas reportagens, a falta de infraestrutura dos órgãos de fiscalização, o que favorece os criminosos. "Registrou há quinze dias a ocorrência junto à Polícia Militar Ambiental, porém o depoente foi informado que a Polícia não possui efetivo nem veículo para realizar a vistoria no momento. Que procurou o setor de águas da Prefeitura há quinze dias, mas nada foi averiguado até então". E os crimes continuaram a ser praticados como mostram as imagens.
O cidadão faz nova denúncia à Polícia Militar Ambiental no dia 01 de junho e destaca no cadastro de ocorrência ambiental 408-2015 que o "Sr. João Leite está suprimindo vegetação nativa em APP (margem de curso d'água) com a finalidade de venda de lotes e venda de madeira nativa", o que confirmam as imagens anteriores e as que seguem.
No dia 02 de junho a denúncia agora é feita na Delegacia de Polícia Civil com o registro 00455-2015-00750. "Relata-nos o comunicante que já anterior data acima citada a mata nativa que fica próxima de sua propriedade e demais moradores, está sendo devastada sem consentimento da ambiental, árvores centenárias, nascentes, estão sendo destruídas.."
No mesmo BO, "Relata ainda que já denunciou para a ambiental, mas até o momento nenhuma providência cabível foi tomada, o desmatamento continua, e a extensão já desmatada está muito grande, o mesmo teme que em breve as nascentes que abastecem as casas sejam prejudicadas, e está aguardando que autoridades tomem providências pelo crime ambiental que já tem grandes proporções."
O que pude conferir na minha investigação é que os crimes continuam estimulados pela impunidade.
É uma área enorme de Mata Atlântica que está sendo devastada, loteada, vendida e urbanizada. Árvores raras e mananciais estão sendo destruídos em grandes proporções e alta velocidade.
Locais onde existiam cabanas de caçadores já começam a dar lugar aos loteamentos e casas de alvenaria estão sendo construídas. Noutros pontos, novas cabanas de caçadores estão sendo montadas. Na foto abaixo a máquina, supostamente da Prefeitura, já deixou o barranco pronto para receber dois novos fornos para carvão que receberá mais troncos de madeiras nativas.
Na foto acima e nas abaixo, outras nascentes e corredeiras desmatadas e os clarões provocados pelas ações criminosas.
As imagens que seguem abaixo são de um desmatamento feito na segunda quinzena do mês de julho.
Como se pode conferir, desmatamento proposital às margens dos rios. A cor ainda branca dos troncos finos e as folhas ainda verdes confirmam o corte recente.
Nas fotos acima vê-se a supressão de mata ciliar. Na foto abaixo, ao fundo, uma cabana de caçador, em alvenaria.
A foto acima revela o corte total da vegetação da mata ciliar. Na foto abaixo, outra prática comum, a extração criminosa de areia dos córregos.
Como se pode conferir nas fotos abaixo, o negócio imobiliário floresce.


Seguem mais algumas fotos que já não precisam mais de legenda ou texto explicativo para confirmar que ali há um reduto de Terra-Sem-Lei.


Tomado pela mesma indignação dos moradores, vou formalizar uma denúncia no MPF (Ministério Público Federal) através da Defensoria Social e pedir que o MPF exija dos órgãos responsáveis a imediata interrupção dos crimes, a recuperação de toda a área degradada, a aplicação de multas por cada crime constatado e a prisão imediata do responsável pelo crime caso não sejam acatadas as decisões dos órgãos competentes.
Este caso é emblemático pois revela o quanto o desaparelhamento do Estado favorece ao crime com danos irreparáveis à humanidade. A Polícia Militar Ambiental não cumpriu a sua função por falta de viatura, pessoal, infraestrutura...


Compete ao MPF também acionar o Estado para que sejam feitos investimentos mínimos de aparelhamento dos órgãos de fiscalização e de polícia. É o que a Defensoria Social também vai pedir. Levaremos essa denúncia também à Artigo 19 para que a mesma possa ganhar repercussão internacional.
O denunciado, segundo alguns moradores, é temido na região. Além destas práticas aqui registradas ele é contumaz provocador de famílias atacando mulheres casadas e ameaçando qualquer reação delas ou de seus cônjuges. Também há relatos de prática de furto de animais das criações da vizinhança e ameaça com arma de fogo quando os proprietários flagram o ato criminoso ou reclamam.
Há um clima de tragédia no ar, típico de uma Terra-Sem-Lei... O Estado precisa intervir com urgência.
Ouvi relatos também de que a maioria das obras de terraplenagem foi feita por funcionários e equipamentos públicos do município envolvendo funcionários da Prefeitura. E também que energia elétrica seria fácil e rapidamente instalada no local em troca de apoio político à candidatura futura deste funcionário que tem apoio de ex-vereador com influência e poder de decisão na Celesc.
O MPF precisar investigar estas denúncias e ouvir os moradores daquela região vítimas dos crimes e testemunhas das negociatas.