Uma leitora do blog, que o acessa através do meu facebook, por conta do meu atropelamento e dos encontros arriscados com os búfalos, me perguntou como está meu coração. Há poucos anos descobri que ele tem um defeito, quando sobrevivi a supostos três enfartes, seguidos, no mesmo dia. Creio que essa experiência vivida por mim possa ser útil para alguns leitores.
Eu morava em apto no bairro Aventureiro. Sozinho. Naquele dia tive emoções fortes de alegria por conta de uma conquista. Eu transpirava felicidade. Dormi muito bem até a madrugada. Acordei num salto sentado e berrando de dor no peito, no coração. Fora como se alguém tivesse enfiado muito rapidamente uma faca fina no meio dele.
Como a dor foi exagerada, facilmente localizei ser no coração. "Será que tive um sintoma de enfarte sendo tão jovem - apenas 47 anos?". Não quis correr risco. Vesti-me e vim para o centro, dirigindo, e eu estava normal. Apenas a dor da pontada. Meia hora depois, ao invés de ir ao hospital decidi ficar na empresa, há menos de 500 m do Dona Helena. Liguei os computadores e comecei a trabalhar. Era em torno de 5h da madrugada. A segunda "facada", agora ainda mais dolorida porque fora exatamente no mesmo lugar. Suei frio com outro grito.
Quase não chego ao hospital
Recobrei da dor e então fui para o hospital. Tão curta a distância, preferi caminhar. Na calçada do Shopping Cidade das Flores, à rua Mário Lobo, perto do ponto de ônibus, mais uma "facada", no mesmo ponto do coração. A dor foi tão insuportável que nem grito gerou, mas uma vertigem me pôs de joelhos e encostado na parede e um desmaio de alguns poucos segundos. Esse havia sido o segundo desmaio em toda a minha vida.
Quando voltei à consciência eu deveria estar muito mal na fotografia, porque um rapaz que vinha pela mesma calçada atravessou a rua quando me viu naquele estado. Deve ter pensado que cruzaria com um drogado ou alcoolizado, foi a leitura corporal que fiz dele.
Levantei convencido de que sobrevivera a três enfartes e cheguei à emergência do hospital me arrastando de tanta dor. Fui imediatamente atendido e levado às pressas ao explicar o que acontecera, pois não havia dúvidas de que era enfarte e só um milagre ainda me mantinha vivo; talvez eu não escapasse do quarto.
Os exames dos sintomas iniciais sinalizavam ao especialista tratar-se mesmo de um raro sobrevivente. Até o fim do dia exames mais minuciosos confirmaram que meu coração estava ótimo apesar de um "defeito raro".
Defeito no coração
Na linguagem simples que o médico usou para explicar-me eu a tenho repetido aos que conto esse episódio.
Os corações têm uma abertura máxima que é determinada por um "fio" como se fosse um controlador de "fim de curso" para que ele não abra mais que o necessário. Sob determinadas situações de forte emoção o coração bombeia mais rápido e com mais força podendo sobrecarregar esse "fio". No meu caso esse "fio cursor" é menor que o normal, mas nada que possa trazer qualquer problema cardíaco.
"Provavelmente", me disse o médico, "a felicidade do dia anterior acelerou o coração além do meu normal forçando esse 'fio'. O sintoma da dor é como se tivessem enfiado uma agulha ou faca fina no peito".
Entendi, vi as radiografias e me convenci da explicação. Médicos, enfermeiros e atendentes que já sabiam de um sobrevivente à três enfartes logo começaram a ter ciência desse caso anormal e então tudo se esclarecia para surpresa de alguns.
Desde então tenho cuidado ainda mais desse órgão tão fantástico do meu corpo e tomo cuidado para não deixar que as emoções se construam com muita força porque literalmente eu grito de felicidade.
Além do que tenho, na família, um ente querido que morreu de felicidade.
Felicidade também mata
Essa história, que ele não sabia, contei ao então prefeito de Joinville, Luiz Henrique da Silveira que era muito amigo do Capitão Silvio Silva e fora um dos maiores responsáveis por esse fato. Os dois tinham um amigo em comum, o Cel. Pedro Ivo Campos. Homens políticos e defensores das mesmas ideologias, quando o Cel. Pedro Ivo elegeu-se governador de Santa Catarina convidou o cap. Silvio Silva para ser o Gerente Regional Joinville da Casan. Ele aceitou e vivia um dos momentos de maior felicidade da sua vida por conta da confiança nele depositada pelo governador e pelo amigo LHS.
No dia do meu aniversário (13/04) o cap. Silvio Silva, que jovem no exército fora membro da segurança pessoal do presidente Juscelino Kubitschek, faleceu após internamento por um enfarte alguns dias antes que o colocara na UTI. Ouvi, de murmúrio dele, que fora a alegria que o infartara e não duvido, pois era um homem comedido em tudo. Portanto, sei que a felicidade também pode matar.
Empreendedor Social Polímata Nexialista. Consultor e Acelerador do Movimento Nacional ODS da Agenda 2030 da ONU. Educador Ambiental. Documentarista Cinematográfico. Professor e Personal Trainer de Oratória.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Mergulho ao lado de animal selvagem
Você pode se imaginar numa praia subindo à superfície da água após um demorado mergulho e dar de cara com um enorme e selvagem búfalo na sua frente, no meio das ondas?
Pois, vivi essa experiência inusitada e outras inesquecíveis na Ilha de Marajó, no Pará, em pleno inverno (deles, lá o inverno é a época das chuvas que abundam neste período do ano). Se olhar atentamente na foto acima é fácil perceber o meu espanto, afinal o bicho não era pequeno...
Na maior ilha fluvio-marítima do mundo a população dominante é de búfalos. A grande maioria, selvagens. Esses animais não são nativos. Chegaram lá nadando e reproduziram aos milhares naquela imensa ilha de floresta amazônica. É lá que estão 80% da população brasileira desses bichos que são nativos da Ásia. Segundo os moradores da ilha um navio que carregava os animais afundou perto da costa brasileira e os que sobreviveram nadaram até a Ilha de Marajó.
Os selvagens são evitados, pois atacam até onças, o predador mais temido da selva. Segundo o biólogo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Salvatore Rossy, por serem animais invasores eles não têm predadores.
Para se ter uma idéia do quanto esse quadrúpede de carne saborosa é selvagem, em Rondônia uma manada de 20 deles estava sendo observada por aviões por uma equipe de pesquisadores. Ela entrou numa fazenda abandonada e se deparou com a sucata de um trator abandonado. Ao ver a máquina, um dos animais se assustou e correu para chifrar o veículo. Isso porque eles nunca haviam visto um trator. Na imaginação deles, aquilo era uma ameaça. Ao correr contra a máquina, o animal bateu com a cabeça na lâmina e morreu na hora. Para abater um animal desses só com um trator ou tiros de fuzis. Eles pesam mais de uma tonelada.
A Ilha de Marajó é o paraíso desses animais que adoram banhos de lama, também. Nas regiões povoadas, assim como os cavalos e os bois, muitos foram domesticados e prestam enormes serviços de carga e tração além do fornecimento de carne, leite, couro etc.
Lagos e igarapés também não escapam do desfrute desses animais. Portanto, é bom estar atento nos banhos porque são enormes as chances de você ter essa companhia e, garanto, mesmo os domesticados não são nada sociáveis com os estranhos.
Lembram-se daquela série da Rede Globo de televisão "No Limite". O primeiro programa foi numa fazenda na Ilha de Marajó. A iniciativa da Globo permitiu aos proprietários transformarem o local depois que o programa terminou e investiram no turismo ecológico haja vista o enorme marketing da TV.
A Fazenda São Jerônimo é um dos melhores locais para quem se dispõe a passar alguns dias ou semanas muito próximo da vida selvagem quase ao extremo. Foi na fazenda que um dos búfalos, daqueles que se deixam montar, me atacou.
Um bicho desse tamanho bufando e correndo para cima de você é assustador! Só porque eu o estava admirando. É um belo animal. Meu erro? Olhei nos olhos dele. Nem os domesticados se deixam encarar. Para eles isso é uma provocação. Só deixei que ele chegasse perto o bastante para essa foto e um pouco do bafo no meu rosto e descobri que estou em boa forma quando o assunto é correr.
Acredite, esse bicho aí de cima não estava bem intencionado...
Contam que se um animal desses aparecesse na tua casa com a "galhada florida", cheia de mato, ou folhas, ou flores etc. é um aviso de que algum parente morreu ou vai morrer naquele dia. Essa história não ouvi na Ilha de Marajó, mas quando, na madrugada, abri a porta da pousada e vi esse com a galhada florida... fiquei apreensivo por alguns instantes.
Eles são os donos da ilha. Desde que você não os olhe nos olhos, as manadas domesticadas dá para encarar um "abre alas que eu quero passar..."
Se a Ilha de Marajó fosse um estado a capital seria Soure. É o maior e mais bem estruturado município da ilha. Milhares de bicicletas, centenas de motos e poucos, raros são os veículos. Mesmo ali no centro urbano, na maior avenida de duas vias duplas com um largo canteiro central de frondosas mangueiras enfileiradas à perder de vista, os búfalos de vez em quando são maioria. Eles disputam (e levam vantagem principalmente com os turistas) as milhares de mangas que caem no chão.
Aliás, depois de comer as mangas da Ilha de Marajó dá raiva comer qualquer outra manga. Elas são pequenas e muito, muito doces. Inigualáveis. Todas as frutas de lá têm sabor especial. Tangencialmente localizada à linha do Equador, o sol é abundante, é direto, na ilha. Que sabor têm as frutas!!!
Se eu montei algum búfafo? Não, uma búfala, sim. Um passeio inesquecível ao mangue mais lindo que já vi na minha vida. Mas isso é para uma próxima postagem.
Pois, vivi essa experiência inusitada e outras inesquecíveis na Ilha de Marajó, no Pará, em pleno inverno (deles, lá o inverno é a época das chuvas que abundam neste período do ano). Se olhar atentamente na foto acima é fácil perceber o meu espanto, afinal o bicho não era pequeno...
Na maior ilha fluvio-marítima do mundo a população dominante é de búfalos. A grande maioria, selvagens. Esses animais não são nativos. Chegaram lá nadando e reproduziram aos milhares naquela imensa ilha de floresta amazônica. É lá que estão 80% da população brasileira desses bichos que são nativos da Ásia. Segundo os moradores da ilha um navio que carregava os animais afundou perto da costa brasileira e os que sobreviveram nadaram até a Ilha de Marajó.
Os selvagens são evitados, pois atacam até onças, o predador mais temido da selva. Segundo o biólogo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Salvatore Rossy, por serem animais invasores eles não têm predadores.
Para se ter uma idéia do quanto esse quadrúpede de carne saborosa é selvagem, em Rondônia uma manada de 20 deles estava sendo observada por aviões por uma equipe de pesquisadores. Ela entrou numa fazenda abandonada e se deparou com a sucata de um trator abandonado. Ao ver a máquina, um dos animais se assustou e correu para chifrar o veículo. Isso porque eles nunca haviam visto um trator. Na imaginação deles, aquilo era uma ameaça. Ao correr contra a máquina, o animal bateu com a cabeça na lâmina e morreu na hora. Para abater um animal desses só com um trator ou tiros de fuzis. Eles pesam mais de uma tonelada.
A Ilha de Marajó é o paraíso desses animais que adoram banhos de lama, também. Nas regiões povoadas, assim como os cavalos e os bois, muitos foram domesticados e prestam enormes serviços de carga e tração além do fornecimento de carne, leite, couro etc.
Lagos e igarapés também não escapam do desfrute desses animais. Portanto, é bom estar atento nos banhos porque são enormes as chances de você ter essa companhia e, garanto, mesmo os domesticados não são nada sociáveis com os estranhos.
Lembram-se daquela série da Rede Globo de televisão "No Limite". O primeiro programa foi numa fazenda na Ilha de Marajó. A iniciativa da Globo permitiu aos proprietários transformarem o local depois que o programa terminou e investiram no turismo ecológico haja vista o enorme marketing da TV.
A Fazenda São Jerônimo é um dos melhores locais para quem se dispõe a passar alguns dias ou semanas muito próximo da vida selvagem quase ao extremo. Foi na fazenda que um dos búfalos, daqueles que se deixam montar, me atacou.
Um bicho desse tamanho bufando e correndo para cima de você é assustador! Só porque eu o estava admirando. É um belo animal. Meu erro? Olhei nos olhos dele. Nem os domesticados se deixam encarar. Para eles isso é uma provocação. Só deixei que ele chegasse perto o bastante para essa foto e um pouco do bafo no meu rosto e descobri que estou em boa forma quando o assunto é correr.
Acredite, esse bicho aí de cima não estava bem intencionado...
Contam que se um animal desses aparecesse na tua casa com a "galhada florida", cheia de mato, ou folhas, ou flores etc. é um aviso de que algum parente morreu ou vai morrer naquele dia. Essa história não ouvi na Ilha de Marajó, mas quando, na madrugada, abri a porta da pousada e vi esse com a galhada florida... fiquei apreensivo por alguns instantes.
Eles são os donos da ilha. Desde que você não os olhe nos olhos, as manadas domesticadas dá para encarar um "abre alas que eu quero passar..."
Se a Ilha de Marajó fosse um estado a capital seria Soure. É o maior e mais bem estruturado município da ilha. Milhares de bicicletas, centenas de motos e poucos, raros são os veículos. Mesmo ali no centro urbano, na maior avenida de duas vias duplas com um largo canteiro central de frondosas mangueiras enfileiradas à perder de vista, os búfalos de vez em quando são maioria. Eles disputam (e levam vantagem principalmente com os turistas) as milhares de mangas que caem no chão.
Aliás, depois de comer as mangas da Ilha de Marajó dá raiva comer qualquer outra manga. Elas são pequenas e muito, muito doces. Inigualáveis. Todas as frutas de lá têm sabor especial. Tangencialmente localizada à linha do Equador, o sol é abundante, é direto, na ilha. Que sabor têm as frutas!!!
Se eu montei algum búfafo? Não, uma búfala, sim. Um passeio inesquecível ao mangue mais lindo que já vi na minha vida. Mas isso é para uma próxima postagem.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Fui atropelado e posto à nocaute
Essa postagem não tem imagens como nas anteriores, mas uma história que deverei contar para muitos
Na noite de ontem passei quase três horas na cozinha. Foi a primeira vez que preparei um galo caipira com aipim amarelo. Jantei comendo boas partes da saborosa comida (Nada que uma boa caminhada no dia seguinte não ajude a compensar o exagero gastronômico noturno).Vou repetir o que tenho dito cada vez que termino de cozinhar: "Quando eu escrever tão bem quanto cozinho serei um bom jornalista". O dia amanheceu agradável para isso. A trovoada com as fortes e longas chuvas de ontem deixaram a noite fresca e o amanhecer próprio para o exercício. Aliás, gosto de práticas que permitem ao meu corpo ser a força motriz. Nadar, remar, caminhar e pedalar procuro ao máximo. Pois, foi caminhando para o escritório central que no meio do caminho fui posto à nocaute.
Era a sétima hora da manhã do décimo primeiro dia do primeiro mês do décimo primeiro ano do terceiro milênio. Eu já estava na metade do caminho de uma caminhada de 40 minutos quando tentava atravessar a rua Visconde de Taunay que há muitos anos é mão única. Pedestres e cilclistas, desde a inauguração do calçadão e ciclofaixa que rodeiam a sede do 62 BI (Batalhão de Infantaria) no fim do ano passado, priorizam o local. Pedestres e ciclistas não se obrigam às regras de trânsito de mão e contra-mão, mas convém. Assim, eu caminhava na contramão para atravessar a referida rua em direção à calçada, ali na altura do Bierkeller.
Esquerda direta no fígado
Nesse ponto, uma curva fechada obriga ao pedestre atenção redobrada para não ser pego por veículos que surgem de repente. Então, a atenção é só para o lado esquerdo. Pois, do lado direito pedalava um trabalhador na contra-mão (nesse horário é pequeno o fluxo de veículos). Não o vi nem ouvi. Só senti o impacto que foi como se houvesse tomado um soco de um boxeador. Foi mais ou menos o que aconteceu. A mão esquerda no guidão foi quem acertou-me nas costelas naquele ponto que os boxeadores buscam incansavelmente atingir seus opositores. Foi uma esquerda direta no fígado.
Caí de quatro ralando bastante os joelhos ainda sem entender nada e vitimado por um desmaio de no máximo uns três segundos. Ato contínuo e já consciente ouço uma voz se desculpando. O homem estava perplexo e preocupado comigo. Ainda zonzo, precisei sentar-me (havia um providencial muro baixo) e a primeira coisa que disse foi: "Estás maluco. Vens na contra-mão e não olhas o que tem na frente!". Mas, logo em seguida sorri e disse para ele não se preocupar, apesar da forte dor nos joelhos.
Destruí a bicicleta
Incrível o que vi... A bicicleta entortou, a roda dianteira estava longe e o homem não conseguiu mais pedalá-la. Tudo isso na trombada com o meu corpo! Que muralha, pensei, sendo quase franzino.
Cinco minutos depois eu decidi continuar minha caminhada e me despedi do homem desejando que ele tivesse um bom dia. Senti pena dele. Afinal, foi um acidente. A calça roçando os joelhos me obrigaram a ir mais devagar, quase coxo. Ao chegar à empresa, sentei-me e tive uma vertigem pela dor na região do fígado e rin esquerdo. Não tive dúvidas. Fui imediatamente à emergência do Hospital Dona Helena que fica a menos de 500 metros.
Lembrança cavalar
Dezenas de radiografias e nenhum osso quebrado. Só a visão dos nós de duas costelas quebradas há alguns anos quando meu cavalo passou por cima de mim num tombo em que tentei segurar minha filha que caia do cavalo dela. A cela do meu não estava adequadamente presa (culpa do tratador que era o encilhador) e fiquei por alguns segundos naquela posição que se vê em desenho animado, pendurado embaixo do cavalo com a cela na barriga do animal. Quando meus pés se soltaram dos estribos o animal ainda estava em galope. Caí no chão e uma das patas traseiras pisou exatamente no local onde fui posto à nocaute hoje. Boas lembranças da minha relação com esses belos e gigantes animais (apesar da dor).
Mais de duas horas depois e consulta com especialistas, o jovem médico (Damiano S. Hemkemaier) deu-me uma lista de sintomas que se um deles se apresentar devo voltar à emergência. "Observação rigorosa pelas próximas 48 horas", alertou o simpático médico. Então, estou me observando, ralado e dolorido, mas como sou "patrão", como disse o outro médico que queria me dar um atestado médico, estou trabalhando.
Em Joinville, que já foi considerada a "Cidade das bicicletas", ciclovias e ciclofaixas e trânsito cada vez mais congestionado estimulam pedestres e ciclistas. Há três anos que evito usar o carro muito mais por uma preocupação ambiental. Aprendi, nas costelas, que devo ser mais cuidadoso. Tentarei.
Na noite de ontem passei quase três horas na cozinha. Foi a primeira vez que preparei um galo caipira com aipim amarelo. Jantei comendo boas partes da saborosa comida (Nada que uma boa caminhada no dia seguinte não ajude a compensar o exagero gastronômico noturno).Vou repetir o que tenho dito cada vez que termino de cozinhar: "Quando eu escrever tão bem quanto cozinho serei um bom jornalista". O dia amanheceu agradável para isso. A trovoada com as fortes e longas chuvas de ontem deixaram a noite fresca e o amanhecer próprio para o exercício. Aliás, gosto de práticas que permitem ao meu corpo ser a força motriz. Nadar, remar, caminhar e pedalar procuro ao máximo. Pois, foi caminhando para o escritório central que no meio do caminho fui posto à nocaute.
Era a sétima hora da manhã do décimo primeiro dia do primeiro mês do décimo primeiro ano do terceiro milênio. Eu já estava na metade do caminho de uma caminhada de 40 minutos quando tentava atravessar a rua Visconde de Taunay que há muitos anos é mão única. Pedestres e cilclistas, desde a inauguração do calçadão e ciclofaixa que rodeiam a sede do 62 BI (Batalhão de Infantaria) no fim do ano passado, priorizam o local. Pedestres e ciclistas não se obrigam às regras de trânsito de mão e contra-mão, mas convém. Assim, eu caminhava na contramão para atravessar a referida rua em direção à calçada, ali na altura do Bierkeller.
Esquerda direta no fígado
Nesse ponto, uma curva fechada obriga ao pedestre atenção redobrada para não ser pego por veículos que surgem de repente. Então, a atenção é só para o lado esquerdo. Pois, do lado direito pedalava um trabalhador na contra-mão (nesse horário é pequeno o fluxo de veículos). Não o vi nem ouvi. Só senti o impacto que foi como se houvesse tomado um soco de um boxeador. Foi mais ou menos o que aconteceu. A mão esquerda no guidão foi quem acertou-me nas costelas naquele ponto que os boxeadores buscam incansavelmente atingir seus opositores. Foi uma esquerda direta no fígado.
Caí de quatro ralando bastante os joelhos ainda sem entender nada e vitimado por um desmaio de no máximo uns três segundos. Ato contínuo e já consciente ouço uma voz se desculpando. O homem estava perplexo e preocupado comigo. Ainda zonzo, precisei sentar-me (havia um providencial muro baixo) e a primeira coisa que disse foi: "Estás maluco. Vens na contra-mão e não olhas o que tem na frente!". Mas, logo em seguida sorri e disse para ele não se preocupar, apesar da forte dor nos joelhos.
Destruí a bicicleta
Incrível o que vi... A bicicleta entortou, a roda dianteira estava longe e o homem não conseguiu mais pedalá-la. Tudo isso na trombada com o meu corpo! Que muralha, pensei, sendo quase franzino.
Cinco minutos depois eu decidi continuar minha caminhada e me despedi do homem desejando que ele tivesse um bom dia. Senti pena dele. Afinal, foi um acidente. A calça roçando os joelhos me obrigaram a ir mais devagar, quase coxo. Ao chegar à empresa, sentei-me e tive uma vertigem pela dor na região do fígado e rin esquerdo. Não tive dúvidas. Fui imediatamente à emergência do Hospital Dona Helena que fica a menos de 500 metros.
Lembrança cavalar
Dezenas de radiografias e nenhum osso quebrado. Só a visão dos nós de duas costelas quebradas há alguns anos quando meu cavalo passou por cima de mim num tombo em que tentei segurar minha filha que caia do cavalo dela. A cela do meu não estava adequadamente presa (culpa do tratador que era o encilhador) e fiquei por alguns segundos naquela posição que se vê em desenho animado, pendurado embaixo do cavalo com a cela na barriga do animal. Quando meus pés se soltaram dos estribos o animal ainda estava em galope. Caí no chão e uma das patas traseiras pisou exatamente no local onde fui posto à nocaute hoje. Boas lembranças da minha relação com esses belos e gigantes animais (apesar da dor).
Mais de duas horas depois e consulta com especialistas, o jovem médico (Damiano S. Hemkemaier) deu-me uma lista de sintomas que se um deles se apresentar devo voltar à emergência. "Observação rigorosa pelas próximas 48 horas", alertou o simpático médico. Então, estou me observando, ralado e dolorido, mas como sou "patrão", como disse o outro médico que queria me dar um atestado médico, estou trabalhando.
Em Joinville, que já foi considerada a "Cidade das bicicletas", ciclovias e ciclofaixas e trânsito cada vez mais congestionado estimulam pedestres e ciclistas. Há três anos que evito usar o carro muito mais por uma preocupação ambiental. Aprendi, nas costelas, que devo ser mais cuidadoso. Tentarei.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Brincando com a lua
Na postagem anterior revelei um pouco do que tenho ao redor do lugar onde moro. Comecei mostrando a imagem do alvorecer. Pois o fim do dia também oferece, no mesmo horizonte, outro espetáculo
De vez em quando "brinco" com a lua e as luzes de parte da cidade produzindo imagens que gosto muito
Antes de mostrar outras dessas "obras", na postagem anterior também falei e mostrei algumas aves exóticas. Faltou mostrar uma das mais belas, pelo seu tamanho (quase o de um peru) e socialização (muito mansa).
Trata-se do Jacu. Este parece liderar o bando barulhento (são muito barulhentos!) que até na garagem já estiveram e foram enxotados para que não devorassem algumas plantas e flores de um dos jardins. Mas, voltemos às minhas brincadeiras com a lua.
Da varanda vê-se, em algumas épocas do ano, tanto o sol quanto a lua nascerem quase no mesmo ponto da linha do horizonte. Em alguns dias é possível ver o sol subindo ao leste e a lua se pondo a oeste que são as laterais da casa que tem a frente voltada para o sul. Para se apreciar esse fenômeno matinal dos astros que nunca se encontram basta posicionar-se no centro da casa.
Seguem mais algumas imagens noturnas do meu passatempo "brincando com a lua":
Apesar de o Cemitério Municipal estar próximo, estes não são "Fogos Fátuos", apesar de ser assim que identifico esta imagem. Podem me ajudar a nominar as demais:
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Bons lugares para viver
Assim começam meus dias quando ensolarados
Minha relação com a natureza a considero umbilical. Vivi por alguns poucos anos no Condomínio Naturista Morro da Tartaruga, que criei com alguns amigos naturistas ao lado da Praia do Pinho em Balneário Camboriú, SC. Acreditava que dificilmente encontraria um lugar tão bom para viver. Enganei-me. Desde 2009 resido ao lado de uma área de preservação.
Além do belo espetáculo do nascer do sol, as manhãs são regidas por sinfonias que, nos meses de verão, têm predominância dos cantos das cigarras. Mas, as aves como Jacus (bandos), sabiás, saíras de sete cores, tiés, canários, tucanos entre outras espécies são abundantes.
Alguns desses emplumados entram na casa e ficam presos nos vidros. Exaustos, se deixam pegar e descansam por longos tempos até nas minhas mãos. Sem aviso, recuperados, vão embora, mas por pouco tempo. Logo voltam para o tratador que mantenho com sementes, frutas e líquidos perto de uma das janelas da casa. Deleito-me apreciando-os todos os dias.
Quase no topo de um morro e rua sem saída, o local oferece uma privacidade antagônica com a tangência do caos urbano do centro da mais industrializada cidade do Estado.
Rodeada por belíssimo jardim, a profusão de folhagens e flores pinta um quadro também contemplativo como paisagem.
Cores as mais diversas formam um mosaíco que só a natureza é capaz de tão harmônica mistura
Além da diversidade de espécies, algumas multiplicam essa variedade com as mudanças de cores e tonalidades
Na sequência, a Dama da Noite é daquelas flores exóticas, do tipo que a maioria não investiria em cuidados para vê-la apenas por uma noite. Ela floresce apenas uma única vez e durante a noite obedecendo o relógio biológico da natureza. Ao amanhecer fecha-se e em poucas horas cai. Já fiquei horas ao lado vendo-a abrir numa velocidade de câmera muito lenta até o seu clímax.
Noutro dia chuvoso, uma saíra militar brincava com seu reflexo no retrovisor do veículo.
Consideradas comuns, as rosas também perfumam o ambiente que convidam à interação mais intimista.
Esta é daquelas que pode inspirar o poeta que adormece em algumas almas. Por enquanto, talvez por minha insensibilidade, nenhuma delas despertou-me para a escrita de versos.
Quase sempre os fundos de quintais são poucos atrativos. Aqui tenho o privilégio de uma vastidão de mata com árvores frondosas e este buganville pintando o verde visto da porta dos fundos.
Ao completar um ano vivendo nesse local já podia afirmar que moro num lugar acolhedor, encantador. Na noite de 4 de janeiro 2010 fui surpreendido com um grande número de veículos estacionando em frente à minha casa. Estranhei. Logo compreendi. Um grupo com mais de uma dezena de pessoas desceu com instrumentos até à casa de meus vizinhos. Assisti, pela primeira vez, da minha varanda, um Terno de Reis que aplaudi com entusiasmo. Quando eles foram embora presentearam-me cantando em frente ao meu portão. Recebi o presente daqueles estranhos como um dos melhores da minha vida. Era o Grupo Alegria. Fotografei-os. Num descuido, perdi todas as fotos. Lamento. Lamento...
Na noite seguinte, amigos que moram em Washington, entre eles um poeta (João Luiz), ocuparam a mesma varanda. São momentos como esse que quebram o silêncio estimulante à meditações, reflexões...
Este é o meu. Quem não deseja ter seu porto seguro?
Noutro dia chuvoso, uma saíra militar brincava com seu reflexo no retrovisor do veículo.
Consideradas comuns, as rosas também perfumam o ambiente que convidam à interação mais intimista.
Esta é daquelas que pode inspirar o poeta que adormece em algumas almas. Por enquanto, talvez por minha insensibilidade, nenhuma delas despertou-me para a escrita de versos.
Quase sempre os fundos de quintais são poucos atrativos. Aqui tenho o privilégio de uma vastidão de mata com árvores frondosas e este buganville pintando o verde visto da porta dos fundos.
Ao completar um ano vivendo nesse local já podia afirmar que moro num lugar acolhedor, encantador. Na noite de 4 de janeiro 2010 fui surpreendido com um grande número de veículos estacionando em frente à minha casa. Estranhei. Logo compreendi. Um grupo com mais de uma dezena de pessoas desceu com instrumentos até à casa de meus vizinhos. Assisti, pela primeira vez, da minha varanda, um Terno de Reis que aplaudi com entusiasmo. Quando eles foram embora presentearam-me cantando em frente ao meu portão. Recebi o presente daqueles estranhos como um dos melhores da minha vida. Era o Grupo Alegria. Fotografei-os. Num descuido, perdi todas as fotos. Lamento. Lamento...
Na noite seguinte, amigos que moram em Washington, entre eles um poeta (João Luiz), ocuparam a mesma varanda. São momentos como esse que quebram o silêncio estimulante à meditações, reflexões...
Este é o meu. Quem não deseja ter seu porto seguro?
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