quinta-feira, 30 de julho de 2015

Barrancos, em Garuva (SC), Terra-Sem-Lei

No sábado, 25 de julho de 2015, estive em Garuva, SC, realizando uma investigação de denúncia de persistentes práticas de crimes ambientais. Saí de lá surpreso com a ousadia dos criminosos. Cabanas de caçadores, carvoeiras, devastação de Mata Atlântica no pé da Serra e subindo a montanha, urbanização e loteamento de áreas invadidas e desmatadas ilegalmente, mais áreas desmatadas escondidas mata acima, desmatamentos localizados propositalmente às margens das corredeiras, restos de caça etc...
Foram horas caminhando em uma Terra-Sem-Lei, aqui, vizinha de Joinville (SC).
















A foto acima foi tomada do fim de uma área já com várias casas e moradores instalados há alguns anos. Como se pode ver, ao fundo, há uma mancha de barro vermelho exposta por desmatamento praticado com uso de máquinas, supostamente da Prefeitura Municipal de Garuva.
Na foto abaixo, já estou acima daquele barro vermelho e no meio da vegetação nativa de Mata Atlântica. Continuo subindo no que já é uma estrada que passa ao meio de terrenos sendo demarcados, ou seja, loteamento na Mata Atlântica.
O crime vem sendo praticado há muitos anos, mas só em abril deste ano um cidadão inconformado decidiu tentar interromper a ação denunciando junto à Secretaria de Saneamento Ambiental da Prefeitura Municipal de Garuva, como pode ser visto neste documento abaixo, que por sua vez denunciou junto à Polícia Militar Ambiental.
A denúncia é de corte de vegetação, loteamento irregular e produção de carvão vegetal com espécies nativas na localidade de Barrancos.
No mesmo dia a denúncia também é feita à Polícia Militar Ambiental, contra o mesmo autor do crime, que segundo o denunciante trata-se do Sr. João Leite.
No cadastro de ocorrência ambiental número 310/2015 consta que está havendo a supressão da vegetação nativa, sem autorização, e a venda irregular de lotes em terreno invadido pelo denunciado; e que o desmatamento está danificando as nascentes que existem na propriedade. Uma parte da madeira nativa está sendo utilizada na fabricação de carvão e outra parte está sendo serrada.
Na foto abaixo se pode ver o caminho aberto no meio da Mata Atlântica e já descendo o primeiro morro. Estamos chegando noutra área escondida no meio da mata que está sendo devastada para os fins descritos na denúncia acima.
As duas fotos abaixo mostram a enorme clareira aberta no meio da Mata Atlântica sendo que a maioria dos troncos das árvores maiores já não está mais no local. Os fornos de carvão foram o destino, segundo meu guia.
Essa não é a única clareira aberta naquela área de vegetação nativa de Mata Atlântica.
Caminhamos mais alguns metros em picadas abertas margeando corredeiras e chegamos noutra clareira no meio da Mata Atlântica, como pode ser conferido nas duas imagens abaixo.
Apesar das denúncias, os crimes ambientais não foram interrompidos e o cidadão foi ao MP/SC (Ministério Público de Santa Catarina).
Na denúncia 05.2015.00013112-6, o denunciante registra "Que João Leite está desmatando áreas no Município de Garuva para depois vendê-las. Que o desmatamento atingiu nascentes de água. Que João Leite reside na Estrada Geral Barrancos, mais especificamente após 500 metros da igreja Católica da localidade. Que o terreno desmatado se localiza na Estrada Geral Barrancos, Bairro Barrancos, passando a casa de João Leite, a primeira estrada à esquerda, no final da rua.."
Na mesma denúncia feita ao MP/SC, o registro de uma situação que há anos também venho denunciando em minhas reportagens, a falta de infraestrutura dos órgãos de fiscalização, o que favorece os criminosos. "Registrou há quinze dias a ocorrência junto à Polícia Militar Ambiental, porém o depoente foi informado que a Polícia não possui efetivo nem veículo para realizar a vistoria no momento. Que procurou o setor de águas da Prefeitura há quinze dias, mas nada foi averiguado até então". E os crimes continuaram a ser praticados como mostram as imagens.
O cidadão faz nova denúncia à Polícia Militar Ambiental no dia 01 de junho e destaca no cadastro de ocorrência ambiental 408-2015 que o "Sr. João Leite está suprimindo vegetação nativa em APP (margem de curso d'água) com a finalidade de venda de lotes e venda de madeira nativa", o que confirmam as imagens anteriores e as que seguem.
No dia 02 de junho a denúncia agora é feita na Delegacia de Polícia Civil com o registro 00455-2015-00750. "Relata-nos o comunicante que já anterior data acima citada a mata nativa que fica próxima de sua propriedade e demais moradores, está sendo devastada sem consentimento da ambiental, árvores centenárias, nascentes, estão sendo destruídas.."
No mesmo BO, "Relata ainda que já denunciou para a ambiental, mas até o momento nenhuma providência cabível foi tomada, o desmatamento continua, e a extensão já desmatada está muito grande, o mesmo teme que em breve as nascentes que abastecem as casas sejam prejudicadas, e está aguardando que autoridades tomem providências pelo crime ambiental que já tem grandes proporções."
O que pude conferir na minha investigação é que os crimes continuam estimulados pela impunidade.
É uma área enorme de Mata Atlântica que está sendo devastada, loteada, vendida e urbanizada. Árvores raras e mananciais estão sendo destruídos em grandes proporções e alta velocidade.
Locais onde existiam cabanas de caçadores já começam a dar lugar aos loteamentos e casas de alvenaria estão sendo construídas. Noutros pontos, novas cabanas de caçadores estão sendo montadas. Na foto abaixo a máquina, supostamente da Prefeitura, já deixou o barranco pronto para receber dois novos fornos para carvão que receberá mais troncos de madeiras nativas.
Na foto acima e nas abaixo, outras nascentes e corredeiras desmatadas e os clarões provocados pelas ações criminosas.
As imagens que seguem abaixo são de um desmatamento feito na segunda quinzena do mês de julho.
Como se pode conferir, desmatamento proposital às margens dos rios. A cor ainda branca dos troncos finos e as folhas ainda verdes confirmam o corte recente.
Nas fotos acima vê-se a supressão de mata ciliar. Na foto abaixo, ao fundo, uma cabana de caçador, em alvenaria.
A foto acima revela o corte total da vegetação da mata ciliar. Na foto abaixo, outra prática comum, a extração criminosa de areia dos córregos.
Como se pode conferir nas fotos abaixo, o negócio imobiliário floresce.


Seguem mais algumas fotos que já não precisam mais de legenda ou texto explicativo para confirmar que ali há um reduto de Terra-Sem-Lei.


Tomado pela mesma indignação dos moradores, vou formalizar uma denúncia no MPF (Ministério Público Federal) através da Defensoria Social e pedir que o MPF exija dos órgãos responsáveis a imediata interrupção dos crimes, a recuperação de toda a área degradada, a aplicação de multas por cada crime constatado e a prisão imediata do responsável pelo crime caso não sejam acatadas as decisões dos órgãos competentes.
Este caso é emblemático pois revela o quanto o desaparelhamento do Estado favorece ao crime com danos irreparáveis à humanidade. A Polícia Militar Ambiental não cumpriu a sua função por falta de viatura, pessoal, infraestrutura...


Compete ao MPF também acionar o Estado para que sejam feitos investimentos mínimos de aparelhamento dos órgãos de fiscalização e de polícia. É o que a Defensoria Social também vai pedir. Levaremos essa denúncia também à Artigo 19 para que a mesma possa ganhar repercussão internacional.
O denunciado, segundo alguns moradores, é temido na região. Além destas práticas aqui registradas ele é contumaz provocador de famílias atacando mulheres casadas e ameaçando qualquer reação delas ou de seus cônjuges. Também há relatos de prática de furto de animais das criações da vizinhança e ameaça com arma de fogo quando os proprietários flagram o ato criminoso ou reclamam.
Há um clima de tragédia no ar, típico de uma Terra-Sem-Lei... O Estado precisa intervir com urgência.
Ouvi relatos também de que a maioria das obras de terraplenagem foi feita por funcionários e equipamentos públicos do município envolvendo funcionários da Prefeitura. E também que energia elétrica seria fácil e rapidamente instalada no local em troca de apoio político à candidatura futura deste funcionário que tem apoio de ex-vereador com influência e poder de decisão na Celesc.
O MPF precisar investigar estas denúncias e ouvir os moradores daquela região vítimas dos crimes e testemunhas das negociatas.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Bikes Vs. Cars tem exibição em Joinville

Confirmado. O filme Bikes Vs Cars, que já é uma referência mundial, tem exibição alternativa programada para Joinville, SC.

Carros e bicicletas têm convívio marcado por violência em Joinville

Será no dia 22 de agosto de 2015 (sábado), às 19h30, no auditório da Estação da Memória (antiga Estação Ferroviária), ao lado do MUBI (Museu da Bicicleta) e com acesso gratuito ao público.

Em Joinville, o desrespeito de alguns motoristas aos espaços reservados aos ciclistas é abusivo

Quando assisti ao filme, em São Paulo, saí da sala de cinema, em 22 de junho, decidido a fazer o que fosse possível para trazê-lo aos joinvilenses. Como cicloativista assumi a organização do evento e já está tudo definido e confirmado.
Minha iniciativa contou com o entusiasmo de outro apaixonado por bicicletas, o Coordenador da Estação da Memória, ciclojornalista Valter Bustos, com o carinho de Aline Cavalcante, protagonista no filme, com a solicitude de Josi Campos, da VIDEOCAMP e a parceria de Guilherme Gassenferth, diretor da FCJ (Fundação Cultural de Joinville).
 Bicicleta está no "DNA" das famílias joinvilenses que são facilmente mobilizadas
para passeios ciclísticos que costumam tomar ruas da cidade esporadicamente

Conheci Aline em 2013, no II Fórum Mundial da Bicicleta, em Porto Alegre, RS, evento em que também fui um dos palestrantes para contar minha experiência de vida após ter optado por transformar a bicicleta no meu principal veículo de locomoção e desfazer-me de todos os veículos motorizados que eu tinha. Uma das mais acertadas decisões da minha vida... Ela passará o fim de semana em Joinville e estará presente para uma conversa após a exibição do filme.

Joinville já foi a Cidade das Bicicletas.  O município tem no seu calendário oficial a
 "Semana da Bicicleta", instituída em dezembro de 2013, através da lei nº 7666, 
coincidindo com os festejos de aniversário do município, em 9 de março

"Joinville, Cidade das Bicicletas". Hoje isso soa tão falso quanto dizer que é a "Cidade dos Príncipes", pois a realeza nunca pisou aqui.
Mas, a cidade tem vocação natural -praticamente toda plana-, e histórica. Tanto que sedia o único museu de bicicleta da América Latina.
Ciclistas passam em frente ao Centreventos Cau Hansen, onde acontece o maior festival de dança do mundo. Isso sim, dá para afirmar, que Joinville seja a "Capital Mundial da Dança"

A exibição do filme Bikes Vs Cars será uma excelente oportunidade para os joinvilenses refletirem e, torço, para que possa ajudar a mobilizar forças à recuperação do título de "Cidade das Bicicletas".
Motivos não faltam, como se pode conferir nesta reflexão dos divulgadores do filme.
"Em 2012, havia 1 bilhão de carros no planeta. A previsão é de que em 2020 este número suba para 2 bilhões, o que certamente implicará em mais congestionamento e menos mobilidade. Mas como evitar que as grandes cidades parem? Como garantir a fluidez nas vias integrando o carro, o transporte público e vias alternativas de locomoção, como a bicicleta?
A experiência mostra que construir mais ruas, rodovias, pontes e viadutos não é a solução, pois quanto mais vias, mais veículos para circular nelas. Por outro lado, é impossível abandonar totalmente o carro em algumas cidades que não contam com outras opções de transporte eficientes. O que fazer, então?
O grande embate do momento no Brasil ocorre entre carros e bicicletas, e o debate é fundamental para encontrar soluções em que ambos os meios de transporte possam conviver em harmonia e, mais importante, que seu uso adequado transforme o trânsito das grandes cidades, hoje um cenário de guerra, em um ambiente de tranquilidade, fluidez e paz.
Para isso, é preciso questionar os motivos que levaram à supremacia automotiva e que sustentam a predominância dos carros nos grandes centros urbanos, como o lobby da indústria automobilística e a influência do dinheiro que esta indústria movimenta.
Quer ver um exemplo sistemático de motoristas desrespeitosos?
Vá ao Mercado Público Municipal de Joinville no sábado. Esta pista para bicicletas vira estacionamento.
E a guarda municipal? E a Polícia Militar? Órgãos públicos incentivam a infração premiando a impunidade

É possível mudar este cenário? Qual o papel da bicicleta neste novo modelo de mobilidade urbana, em que se pretende devolver a cidade a seus cidadãos, para que todos possam ocupá-la igualmente, independentemente do meio de transporte escolhido?
Experiências de sucesso em grandes capitais com problemas de trânsito pelo mundo mostram que não se faz uma ciclovia a partir da demanda gerada por ciclistas, mas sim para convidar as pessoas a optarem por outros meios de transporte, que não o carro. Foi assim em Copenhague.
Hoje capital mundial da bicicleta, a cidade já sofreu com grandes congestionamentos na década de 1950, quando o jovem arquiteto Jan Gehl, recém-contratado pela prefeitura, resolveu arriscar uma solução: fechar as ruas para os carros.
Os comerciantes e moradores de Copenhague não aceitaram a novidade, a revolta foi geral. Mas, com o tempo, Gehl venceu a batalha e ganhou o apoio de todos, provando que quanto mais ciclovias existem, mais gente pedala e melhor fica o trânsito, a qualidade do ar e a qualidade de vida da população. Porém, foram necessários 20 anos para alcançar o sucesso. 
 Esse é o cartaz do nosso evento em Joinville, SC

No Brasil, ainda estamos pedalando lentamente nesta direção, mas já existem alguns sinais de mudança. O Rio de Janeiro, por exemplo, é hoje o município com a maior extensão de ciclovias da América Latina: sua malha cicloviária passou de 150 km, em 2009, para os atuais 380 km, com meta de atingir 450 km até 2016, distribuídos em todas as regiões da cidade. Em São Paulo a malha cicloviária também começa a aumentar, mesmo sob protestos. Este ano a capital já ganhou 78,3 km e a meta é fechar 2014 com 200 km implementados. A meta total é de 400 km de ciclovias até o final de 2015.
Ainda há muito que se caminhar – ou melhor, pedalar – debater, mudar. Mas a largada foi dada e o debate, que é o meio mais eficaz para se transformar realidades, já começou. E dele todos podem – e devem! – participar, porque a cidade, se ainda não é, deve ser planejada, cuidada e melhorada por todos, e para todos."
Se você quiser ajudar a divulgação da exibição do filme em suas redes sociais use as hashtags
 #bikesvscarros #precisamosfalarsobreisso #videocamp #movedbymovie #mff

De acordo com a Prefeitura de Joinville, quando se avalia a divisão modal por veículos, o município possui elevados percentuais de uso de bicicletas (11,13%) e superiores a outras cidades brasileiras, que possuem rede cicloviária implantada. Somado este percentual ao modo a pé (23,11%), as viagens não motorizadas correspondem a 34,25%; já as viagens motorizadas, 65,75%. Entre os modais motorizados, 37,41% correspondem ao transporte coletivo, enquanto o restante ao transporte individual. 
Atualmente, Joinville possui 125km de vias cicláveis. Por notas oficiais, a Fundação IPPUJ, através de seu presidente Vladimir Constante, diz que a meta é ampliar para 730 km até o ano 2025.
A prefeitura está empenhada também no Projeto das Bicicletas Públicas como alternativa para para melhorar a mobilidade urbana da cidade. Elaborado também pela Fundação Ippuj, o plano prevê a criação de 60 estações de integração, também chamadas de pontos de compartilhamento de bicicletas.
As estações estão sendo instaladas inicialmente em locais de grande circulação de pessoas com o objetivo de beneficiar 14 bairros disponibilizando 300 bicicletas.
As bikes ficarão mais concentradas na área central e num raio de 4 km a partir da estação ferroviária e da Univille, no sentido Sul-Norte, e do Parque Zoobotânico e da Cidadela Cultural Antarctica, no sentido Leste-Oeste.


Realização deste evento:
FCJ (Fundação Cultural de Joinville)

Organização deste evento:
Cicloativista Altamir Andrade

Apoiadores deste evento:
IVC (Instituto Viva Cidade)

COL (Clube de Oratória e Liderança)
PMJ (Prefeitura Municipal de Joinville)
MUBI (Museu da Bicicleta)

EMEM (Estação da Memória)
JOV (Jornal O Vizinho)
JOI (Jornal O Joinvilense)


Leia mais sobre o tema neste blog:
Bicicletas X Carros
O mau exemplo de Joinville, danem-se os ciclistas 
Prefeito, construa e eles virão
O descaso público com os ciclistas joinvilenses
Agora, contra os ciclistas, mais uma sacanagem da Auto Pista Litoral
Vicie-se, por favor
Fui atropelado e posto à nocaute
Bicicleta reúne empreendedorismos sustentáveis 

Cavalgada da deseducação
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Nudez com sensatez
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Incentivo fiscal para bicicletas
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Vereador de Curitiba, PR, defende ciclistas