Debate promovido pelo Clube de Oratória e Liderança em parceria com o Curso de Jornalismo da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc, em Joinville, SC, discutiu a atual crise política, social e econômica no Brasil e estimulou à "Resistência Democrática".
Anfiteatro do Ielusc lotou na noite de 12 de abril reunindo mais de 150 pessoas com intensa participação da plateia composta, na sua maioria, por acadêmicos da instituição de ensino
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse, a poucos dias, que o mandato da presidenta Dilma Rousseff deve ser garantido de acordo com a Constituição e as leis, por todos os poderes do governo e todas as instituições do país. Além de criticar as tentativas de tirá-la do cargo sem fundamento jurídico, como o processo de impedimento iniciado na Câmara dos Deputados, ele defende que a honestidade e coragem de Dilma “são ferramentas essenciais para a preservação e o fortalecimento do Estado de Direito”.
No evento organizado pelo COL (Clube de Oratória e Liderança) que reuniu seis especialistas de áreas diversas, os debatedores fizeram coro com Almagro. Segundo o advogado criminalista Leandro Gornicki Nunes, todos devemos fazer a defesa da Constituição. “O processo do impeachment não tem embasamento legal. Trata-se de um golpe contra o país, contra a Constituição”.
Para ele, o argumento de que a presidenta teria cometido crime com as pedaladas fiscais é casuístico, pois este é um expediente usado pela maioria dos governantes. “As pedaladas fiscais são históricas e foram feitas por Dilma para garantir a continuidades dos programas sociais como o Bolsa Família”, explica Nunes.
A socióloga e mestra em história cultural, Valdete Daufemback, diz que o que está em curso é uma luta de classes. “Os programas sociais são os motivadores do ódio”. Segundo a socióloga, o Brasil atingiu, nestes anos de governo do PT, os melhores índices sociais voltados aos mais pobres; e a classe empresarial, empregadora, representada por suas entidades de classe apoia e financia o golpe ao mesmo tempo que patrocina, junto aos políticos, a perda de conquistas da classe trabalhadora.
Valdete destaca ainda que o golpe que se articula nesse momento, em alguns aspectos parece com o Golpe de 1964. “Há discursos sobre a volta do comunismo. Essa paranoia voltou”, destaca, incrédula.
O advogado especialista em direito constitucional, Rodrigo Bornholdt, destaca que a base do estado democrático de direito é a Constituição. “Vemos neste momento uma disputa bipolarizada que divide a nação entre os que são contra e a favor do impeachment, como se fossem torcidas de futebol. E a história mostra que essas torcidas apaixonadas têm levado à violência, à mortes”.
Evento reuniu especialistas de diversas áreas para uma avaliação técnica da crise em curso. Da esquerda para a direita: escritor e diretor de teatro Borges de Garuva, advogado especialista em Direito Constitucional Rodrigo Bornholdt, socióloga e historiadora Valdete Daufemback, jornalista e coordenador do curso de jornalismo do Ielusc Silvio Melatti, advogado criminalista Leandro Gornicki Nunes e economista do Dieese José Álvaro Cardoso
O economista do Dieese, José Álvaro Cardoso defende que pensar e debater é uma forma de resistência e que estamos vivendo um clima de guerra. “E numa guerra a primeira coisa a ser golpeada é a verdade. Além da disseminação midiática de mentiras também esconde-se muitas verdades”. Ele cita que se o volume de recursos que a operação Lava-Jato está apurando soma R$ 2 bi em corrupção, a operação Zelotes, que a mídia insiste em esconder, em não dar transparência, soma um volume dez vez maior, ou seja R$ 20 bi. “Grandes grupos empresariais que estão apoiando o impeachment estão envolvidos em crimes de sonegação fiscal que está sendo investigado pela Zelotes. Estes criminosos têm interesse que um outro governo assuma para interromper esta investigação”.
Ele ainda destaca que a sonegação fiscal no país ultrapassa mais de R$ 500 bi. “Os dois bilhões de reais da corrupção que se investiga na operação Lava Jato é uma gota se também comparado com esse oceano desviado pela sonegação fiscal que só os ricos, muito ricos praticam”.
Para o jornalista Silvio Melatti, a cobertura jornalística da grande imprensa destoa do jornalismo investigativo que deveria estar sendo praticado. “A imprensa divulga muito mais a investigação policial e judicial do que a pratica”.
A afirmação de Melatti faz coro ao que disse poucos dias atrás o jornalista norte americano Glenn Greenwald, que também é um especialista em direito constitucional. Ele se diz “chocado” com a mídia no Brasil. “Como jornalista, não sou brasileiro, mas moro no Brasil há muito tempo, estou chocado com a mídia daqui. Como as Organizações Globo, Veja, Estadão, estão tão envolvidos no movimento contra o governo, defendendo os partidos da oposição. Eles fingem ter imparcialidade, mas na realidade agem como a principal ferramenta de propaganda”.
O escritor e diretor de teatro Borges de Garuva diz que cabe aos artistas contribuírem para o desmantelamento da falácia midiática. “Este é o principal papel do artista”. Ele afirma que a grande mídia repete o comportamento de 1964 e incita ao golpe com uma profusão de reportagens mentirosas que mesmo depois de desmentidas continuam formando opinião contra o atual governo, pois os desmentidos não têm a mesma projeção midiática. “Precisamos quebrar os gritos que pedem a volta da ditadura”.
As exposições feitas pelos seis palestrantes no Ielusc, e também as respostas às perguntas da plateia, que foi participativa e com maioria composta por acadêmicos de jornalismo, foram conclusivas de que o processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff, que está em curso, é um golpe político/midiático e deve ser evitado. Caso contrário, há enorme risco da quebra do Estado de direito, da ordem democrática e de incalculáveis prejuízos para o país.
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