De tão comuns, as casas de joões-de-barro, nos postes de energia elétrica, raramente chamam a atenção. Mas, à rua Xavantes, no bairro Atiradores, em Joinville, SC - conhecida também como "Cidade das Flores" -, se o transeunte caminhar menos à moda "suína", que só olha para o chão, e andar de cabeça erguida, vai desfrutar desse visual
Os casais, dessa ave marrom, constroem juntos sua morada durante duas semanas, onde vivem por cerca de um ano, tempo o bastante para pelo menos quatro ninhadas. Na construção utilizam barro úmido, misturado a esterco e palha. As aves fazem centenas de viagens no transporte do material. O ninho parece um iglu com aproximadamente trinta centímetros de diâmetro. As paredes têm uns cinco centímetros de espessura e exigem muito do casal: eles precisam amassar as porções de barro com os bicos e os pés, criando uma massa homogênea e pegajosa que ajuda na construção.
A ave é considerada um arquiteto perfeito. O ninho tem dois cômodos, com uma porta que dá acesso ao primeiro, que é feita na medida para que a ave entre sem precisar se abaixar. O cômodo mais interno, geralmente é forrado com penas, pelos e musgo, serve para a postura de ovos e acomodação dos filhotes. A porta de entrada é sempre estrategicamente posicionada na direção contrária à chuva e ao vento.
Sepultura ou jardim?
Os machos são monogâmicos, as fêmeas nem tanto e costumam 'voar a cerca' para encontros sexuais com outros machos. Ao descobrir, ele prende a companheira no ninho, tapando a porta, e deixa a amada morrer lá dentro. Essa é a fama que corre o mundo, apesar de não haver prova científica.
Há meses eu a apreciava e algumas vezes me perguntava como faria para chegar perto o bastante para uma foto em close. Pensei em ficar atento aos movimentos da Celesc, no caso de manutenção. Na tarde de 24 de novembro, atrasadíssimo para um compromisso, bem ao lado do poste, uma equipe de empresa de pintura fazia a limpeza da parede do prédio que no passado era a fábrica da Tubos e Conexões Tigre S/A.Os machos são monogâmicos, as fêmeas nem tanto e costumam 'voar a cerca' para encontros sexuais com outros machos. Ao descobrir, ele prende a companheira no ninho, tapando a porta, e deixa a amada morrer lá dentro. Essa é a fama que corre o mundo, apesar de não haver prova científica.
Parei embaixo do poste, expliquei aos dois trabalhadores que estavam em cima de uma máquina que os levantava à altura do ninho e eles foram solícitos. Me levaram o mais perto que puderam. Como Joinville é a "Cidade das Flores", no jardim desta casa-de-joão-de-barro há um jardim.
O grande problema da maioria das sociedades é a posse, a propriedade. Quase sempre ela é assassina. Até mesmo em algumas sociedades dos classificados "irracionais"...