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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Mais de 1600 ciclistas invadem ruas de Porto Alegre

Massa Crítica do Segundo Fórum Mundial da Bicicleta, reuniu, no Largo do Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre, RS, mais de 1.600 participantes que percorreram várias ruas e avenidas da capital gaúcha em percurso de três horas no início da noite de 22 de fevereiro de 2013.
Concentração de ciclistas no Largo Zumbi dos Palmares

Um encontro emocionante e marcado pela união, bom humor, cidadania e conscientização política e ambiental. Assim senti a Massa Crítica do Segundo Fórum Mundial da Bicicleta (FMB).
O vídeo, abaixo, registra quase seis minutos de um fluxo de aproximadamente duas mil bicicletas que participaram do evento conduzidas por cicloativistas, principalmente.

Em 25 de fevereiro de 2011, no mesmo evento, um motorista invadiu a pista por onde transitava o pequeno grupo da Massa Crítica resultando em mais de uma dezena de feridos e uma morte.
O episódio ganhou repercussão mundial demonstrando a insanidade, a atitude criminosa do motorista e o desespero dos frágeis ciclistas vítimas de tão poderosa arma sobre quatro rodas.

Desde então, a Massa Crítica de Porto Alegre vem crescendo e o FMB é também um momento de reflexão daquele triste episódio histórico que muitos preferiam esquecer, mas que não o devem, para que o mesmo não se repita, jamais.
As oficinas, palestras e debates aconteceram na Casa de Cultura Mário Quintana que teve seu corredor transformado num estacionamento de bikes no período de 21 a 24 de fevereiro.
Corredor da Casa de Cultura Mário Quintana

No dia 22, o ambiente cultural teve a inauguração oficial do acesso público gratuito à internet. Para acessar é só digitar "visitante" e a senha "ccmq".
Autoridades comemoram a entrega de acesso a internet livre à populacão na CCMQ

Durante todo o FMB, esse investimento público foi exaustivamente usado pelas centenas de participantes do evento permitindo inclusive que oficineiros e palestrantes pudessem ilustrar e enriquecer suas apresentações.

Mais postagens sobre o tema: 
Di, Dá Dó no Fórum Mundial da Bicicleta
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Di Dá Dó, no Fórum Mundial da Bicicleta

Já fiz um post sobre palhaços. Estes, da foto abaixo, fazem parte de um daqueles três grupos. A Bandinha Di Dá Dó é contagiante, divertida com seu clown music. Que "Quarteto Fantástico"! 



















Foi assim o encerramento do primeiro dia do Segundo Fórum Mundial da Bicicleta, em 21 de fevereiro de 2013, em Porto Alegre, RS.
Acompanhei algumas oficinas e fiz alguns registros fotográficos que ilustram essa postagem.
Gentileza ao Pedalar contou com a participação de quatro painelistas que optaram por uma "conversa" com a plateia ricamente participativa.

Henrique Weyne, Renato Pecoitz, Alex Magnum e Letícia Cecagno

O foco da discussão, a paz no trânsito. Renato Pecoitz, que pedala desde os quatro anos de idade, não tem dúvidas. "Quando o egoísmo impera, as coisas começam a dar errado". E esse é um dos mais sintomáticos problemas da "guerra" no trânsito. Cada motorista se sente dono de toda a infraestrutura viária; que ele tem todas as preferências, mesmo na irracional competição egoísta com outros motoristas. Na relação com as bicicletas, essa competição sempre deixa o frágil ciclista em desvantagem.
No fim do dia, público foi atraído pela alegria da Bandinha Di Dá Dó

Para Pecoitz, os ciclistas precisam deixar de olhar os automóveis como se eles fossem "seres vivos". "Devemos olhar nos olhos dos motoristas e menos para os carros".
Pecoitz, que tem parte da perna direita amputada por conta de um acidente com motocicleta, diz que as bicicletas estão conquistando cada vez mais espaços e os ciclistas, respeito. Ele recomendou aos presentes que os cicloativistas devem defender um "sistema cicloviário" nos seus municípios, e não apenas "algumas ciclovias ou ciclofaixas isoladas".
Tendo a bicicleta como seu veículo de locomoção com média de 28 km/dia de pedalada, Renato Pecoitz comemora que empresas já começam a construir bicicletários e banheiros com chuveiros e armários para seus empregados. Essa é uma tendência irreversível e muitos comércios, shoppings, bancos já perdem clientes por não oferecerem bicicletários em locais seguros e higiênicos.
Mezanino da Casa da Cultura Mário Quintana lotou
para o debater a falta de gentileza no trânsito

Alex Magnum é mensageiro há um ano. O bike boy surpreendeu a plateia ao afirmar que as mulheres motoristas são mais agressivas com os ciclistas no trânsito. "Elas me xingam muito mais, me encaram, me enfrentam, me hostilizam mais que os homens".
Motoristas de ônibus são mais gentis com ele que os motoboys e os taxistas. "Raramente tenho problemas com ônibus, já com taxistas motoboys é mais comum  enfrentamentos de muita agressividade".
Letícia Cecagno é uma cicloativista que organiza e participa de eventos para a conscientização da paz no trânsito. Ano passado atuou com o projeto "Bicicleta é amor". No dia 23, próximo sábado, da "Pedalada Cantante". "A gente recebe de volta o que entrega", diz, afirmando que o ciclista precisa ser mais gentil com pedestres e motoristas. É a óbvia lei da ação e reação tão desconhecida da maioria da humanidade!
Ela também chamou a atenção para outra reação em favor dos ciclistas. "Quando estamos usando equipamentos de proteção como capacetes e sinalizadores, os motoristas nos respeitam mais". O mesmo afirma Henrique Weyne, que é técnico em segurança do trabalho. Segundo ele, depois da Primeira Massa Crítica houve um crescimento muito grande de mobilizações em favor dos ciclistas que têm resultado em ambientes cada vez menos hostis às bicicletas.
A plateia foi ativa com alguns depoimentos oportunos ao evento, sendo que um dos interventores lembrou que Porto Alegre segue a regra das cidades brasileiras, "é uma cidade para os carros, portanto, para uma minoria - os que têm carro -, logo, não é uma cidade democrática".
Noutra oficina, apresentada por Renato Zerbinato, do Ciclobservatório - Observatório Nacional da Mobilidade por Bicicleta, o brasiliense disse que entre os objetivos da organização está elaborar metodologia de avaliação da qualidade da mobilidade ciclística urbana. "Queremos envolver os ciclistas no processo de avaliação e monitoramento e publicar as informações em meios eletrônicos gratuitos".
Outro objetivo destacado por Zerbinato é a criação e atualização de um banco de dados sobre as políticas públicas e sobre as estruturas cicloviárias visando contribuir para a segurança dos ciclistas e para o encorajamento de novos usuários.
Com o tema "O século XX e a Formação das (So)ci(e)dades Automotivas: fundamentos históricos das resistências ao transporte ativo", o mestre em antropologia Thomás Antonio Burneiko Meira fez uma apresentação professoral demonstrando os enormes desafios de ciclistas pedalarem em cenários concebidos para carros.
O evento, bem organizado, consolidado no voluntariado, é uma iniciativa que tende ao crescimento, pois oportuniza à sociedade e, principalmente, aos governantes, disponibilidade de grande diversidade de saberes, teóricos e práticos, em favor da bicicleta e dos seus usuários.
No dia 23, às 11h, será minha vez com a oficina "Um ser menos destrutivo".
Outras postagens sobre este tema:
Deputado catarinense quer manual para ciclistas
Vicie-se, por favor

Agora, mais algumas imagens do evento e suas atrações culturais:











sábado, 16 de fevereiro de 2013

Vicie-se, por favor

Já escrevi neste blog minha defesa à descriminalização da maconha. Agora, escrevo para incentivar ao vício.
Não ao fumo, seja ele de que tipo for! Nem a qualquer bebida alcoólica. Estes, estão no conjunto do que aconselho ao consumo prazeroso...
Em outubro de 2012 postei a respeito de uma das decisões tomadas mais importantes da minha vida, a qual, provavelmente, avalizou minha participação no Segundo Fórum Mundial da Bicicleta como um dos painelistas.

Não é novidade. A prática de atividade esportiva e/ou física, qualquer que seja, melhora a autoestima, o humor, diminui a ansiedade, aparência, depressão e, em alguns praticantes, provoca um aumento do estado de euforia. É esse estado que leva alguns ao vício do exercício, da pedalada... Vicie-se, por favor! Ou pelo menos, tente.
O exercício provoca alterações cerebrais que liberam algumas substâncias como as euforizantes endorfinas e a serotonina, relacionada com a ação de bem-estar, com os processos de humor, ansiedade e sono.
Com os devidos cuidados, para não se machucar nem se exceder, esse conjunto de benefícios pode ser um dos motivadores pelo qual o exercício, a prática esportiva, se tornam tão importantes para muita gente.
A bicicleta, incorporada ao dia-a-dia como principal veículo de locomoção, aproxima o indivíduo desse conjunto que, no fim, culmina em melhoria na qualidade de vida do praticante e da comunidade onde está inserido.

Segundo dados do livro "Apocalipse motorizado - A tirania do automóvel em um planeta poluído":
√ Onde se estaciona um automóvel cabem 18 bicicletas
√ Para sair do estacionamento de um estádio, dez mil pessoas em bicicletas necessitam da terça parte do tempo que necessita o mesmo número que pega ônibus


Há quem defenda - sou um deles -, que "um país pode ser classificado como subequipado quando não pode dotar cada cidadão de uma bicicleta ou prover um câmbio de cinco marchas a qualquer um que deseje pedalar carregando outra pessoa".
Há muitas teorias sobre a transformação que sofre o homem ao por a bunda no assento embaixo de um volante num automóvel. Infelizmente, não há como negar essa transformacão, frequentemente, para pior. Constatamos essa mudança em criaturas habitualmente calmas, pacíficas. Veja como ela reage quando está ao volante, num engarrafamento!
Fica irreconhecível. Violenta, impaciente. Tranforma-se numa fera...
Protagonizei algumas destas cenas. Me envergonho de pouca coisa nessa vida. Destes momentos, de todos!
Decidi, apesar de todos os estímulos, viver sem veículos motorizados, sem automóveis, principalmente.
Ao não adquirir um para mim, estou deixando de contribuir com uma degradação ambiental espantosa.
Ainda segundo o "Apocalipse motorizado" já citado, a produção de um carro de tamanho médio, com catalisador de três vias, dirigido por 130.000 km durante dez anos, gastando em média 10 litros/100 km de combustível sem chumbo produz 60% de toda a sua poluição:
 
√ Extração de matérias-primas: 26,5 toneladas de dejetos e 922 milhões de metros cúbicos de ar poluído
√ Transporte de matérias-primas: 12 litros de petróleo bruto no oceano e 425 milhões de metros cúbicos de ar poluído
√ Produção do carro: 1,5 tonelada de dejetos e 74 milhões de metros cúbicos de ar poluído
√ Uso do carro: 18,4 quilos de dejetos abrasivos e 1,017 bilhão de metros cúbicos de ar poluído
√ Descarte do carro: 102 milhões de metros cúbicos de ar poluído


Participo do Fórum pela primeira vez, lisonjeado, como painelista, com o tema "Uma criatura menos destrutiva - Relato da experiência de vida de jornalista catarinense que já foi dependente de automóveis e chegou a ter cinco veículos motorizados em sua garagem. Desde 2007 planejou um novo modo de viver e, ao completar 50 anos, começou a colocar em prática uma existência com prioridade para a bicicleta como veículo de locomoção.
Para tanto, obrigou-se a mudar praticamente tudo em sua vida. A empresa sofreu um processo de descentralização física e administrativa e o seu viver profissional e pessoal vem num constante crescimento de qualidade de vida".


Você sabia...
Que a Constituição Federal, o Código de Trânsito Brasileiro e a Lei 12.587 - Política Nacional de Mobilidade Urbana, priorizam modos de transportes não motorizados sobre os motorizados?
O que diz o Código de Trânsito Brasileiro:
Clique aqui para acessar o Código completo
"Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicletas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores, desde que dotado o trecho com ciclofaixa. 
Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios."

Política Nacional de Mobilidade Urbana:
Clique aqui para acessar a Lei completa
Art. 23
Os entes federativos poderão utilizar, dentre outros instrumentos de gestão do sistema de transporte e da mobilidade urbana, os seguintes:
I - restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou temporário, de veículos motorizados em locais e horários predeterminados;
II - estipulação de padrões de emissão de poluentes para locais e horários determinados, podendo condicionar o acesso e a circulação aos espaços urbanos sob controle;
III - aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte urbano pela utilização da infraestrutura urbana, visando a desestimular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade, vinculando-se a receita à aplicação exclusiva em infraestrutura urbana destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não motorizado e no financiamento do subsídio público da tarifa de transporte público, na forma da lei;
IV - dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não motorizados;
§ 2o - Nos Municípios sem sistema de transporte público coletivo ou individual, o Plano de Mobilidade Urbana deverá ter o foco no transporte não motorizado e no planejamento da infraestrutura urbana destinada aos deslocamentos a pé e por bicicleta, de acordo com a legislação vigente.
§ 4o - Os Municípios que não tenham elaborado o Plano de Mobilidade Urbana na data de promulgação desta Lei terão o prazo máximo de 3 (três) anos de sua vigência para elaborá-lo. Findo o prazo, ficam impedidos de receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade urbana até que atendam à exigência desta Lei.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Uma criatura menos destrutiva

Já tive diversos veículos ao mesmo tempo na minha garagem. Carros, motos e lanchas. Desde abril de 2011 não tenho mais qualquer veículo motorizado. Agora tenho bicicletas. Ando muito à pé, de ônibus, trem e metrô. A carona também é uma alternativa. Viagens também as faço com esses meios de transporte incluindo navios e aviões.
Minha preferência é para o transporte coletivo e evito ao máximo o individual motorizado. Táxis, só numa emergência. Foi uma atitude tomada em 2009, quando completei 50 anos.  Decidi em 2007 começar a mudar meu estilo de vida para trilhar esse caminho, de me tornar uma criatura ambientalmente menos destrutiva. Mas essa meta já vinha ensaiando muitos anos antes. Como demorou!
Outros fatores também contribuíram para essa tomada de decisão que pretendo não reverter. Mas, confesso que é difícil, diante de tantos estímulos publicitários, incentivos de governo e facilidades de compras, manter essa decisão.
Para a maioria das pessoas com quem convivo virei um "bicho grilo". Todavia, sinto-me ambientalmente mais ajustado. Por isso insisto. Antes de continuar o texto, convém assistir esse vídeo. Já vi muitas pessoas ouvindo palestras, assistindo filmes e pregando discursos ambientalistas, mas raramente encontro alguma destas praticando o que ouviu, viu ou pregou.
Duvido que você não se sensibilize com essa obra intitulada "O verdadeiro sentido das coisas". 

Alguns anos atrás pude conhecer, num grande centro urbano, uma família que foi passear em área rural com seus filhos. Um deles, ao ver uma galinha atravessar apressadamente a estrada gritou: “Olha, uma knorr”. Desde então tenho contado essa história em praticamente todas as minhas conversas, encontros, palestras, cursos etc. Já ouvi muitas variantes dela contada por outros e até piadas feitas.
Estou certo que não fui o único a ter uma experiência assim.
Como estamos dessintonizados da natureza! É que sou do tempo quando havia uma propaganda na TV sobre um tempero pronto que mostrava uma animação com uma galinha azul que terminava com a frase "Com Knorr é melhor".
No livro “A vingança de Gaia” James Ephraim Lovelock adverte que estamos abusando da Terra. Autor de centenas de artigos científicos e o criador da Hipótese de Gaia, já aceita no meio científico como Teoria de Gaia, seu mais polêmico alerta nos últimos anos tem sido advertir ao mundo que não é mais possível o desenvolvimento sustentável: “Esperar que o desenvolvimento sustentável ou a confiança em deixar as coisas como estão sejam políticas viáveis é como esperar que uma vítima de câncer no pulmão seja curada parando de fumar”, diz o guru ambientalista.
Considerando que metade da população mundial vive em áreas urbanas, Lovelock avisa: “Precisamos acima de tudo renovar aquele amor e empatia pela natureza que perdemos quando começamos nosso namoro com a vida urbana”.
Sobre o futuro da humanidade, o pesquisador é pragmático: “As perspectivas são sombrias, e, ainda que consigamos reagir com sucesso, passaremos por tempos difíceis, como em qualquer guerra, que nos levarão ao limite. Somos resistentes, e seria preciso mais do que a catástrofe climática prevista para eliminar todos os casais de seres humanos em condições de procriar. O que está em risco é a civilização. Como animais individuais, não somos tão especiais assim, e em certos aspectos a espécie humana é como uma doença planetária”.
Antes de odiá-lo por essas afirmações leia “A Vingança de Gaia”. Acredito que você se motivará à mobilização dos que estão ao seu redor para agirmos como ele próprio recomenda: “Precisamos agir agora como se estivéssemos prestes a ser atacados por um inimigo poderoso. Precisamos, acima de tudo, daquela mudança de corações e mentes que ocorre nas nações tribais quando pressentem o verdadeiro perigo”.

Esse outro vídeo nos faz pensar sobre outro grave problema que produzem as chaminés mostradas no primeiro vídeo:
O que precisamos fazer quando vemos uma obra dessas é nos perguntar "como posso contribuir para mudar isso"? Se decidirmos nos comprometer, e a palavra chave é "comprometimento", descobriremos que pequenas atitudes contribuem muito.
Eu tomei a decisão de não comprar mais veículos motorizados. Como a maioria das pessoas, antes disso eu também acreditava que era "impossível" viver sem carro! É o que ouço de praticamente todos que os têm: "A vida que levo, o trabalho que tenho, o local onde vivo, trabalho, me obrigam a ter carro. Sou 'obrigado' a ter no mínimo um".

Todos podem viver sem carro. Para isso você precisa mudar seu estilo de vida. Eu morava a dez quilômetros da minha empresa. Gastava quase meia hora em cada deslocamento (casa-trabalho ou trabalho-casa). Tinha um apto confortável. Decidi fazer uma kitinete numa área da empresa. Racionalizei espaços nela e sobrou para isso.
Fechei o apto (por três anos) e morei dentro da empresa. Com isso eu gastava menos de um minuto para o deslocamento casa-trabalho. Minha qualidade de vida melhorou muito. Além de ganhar uma hora todos os dias para qualquer outra atividade, eliminei o estresse de começar o meu dia com o trânsito congestionado, as filas intermináveis, as buzinas impacientes e os xingamentos por atrasar um segundo a largada quando o sinaleiro mudava do vermelho para o verde. Isso não existe mais na minha vida! Que mudança! Para melhor!
Depois, decidi melhorar ainda mais a minha qualidade de vida. Mudei a empresa de endereço. Isso porque fui morar numa casa, ampla, com espaço que também caberia a empresa. A mesma casa onde comecei a empreender. Fiz uma grande mudança na empresa também. Descentralizamos.
Sócios e empregados montaram escritórios nas suas casas, com toda a infraestrutura: computador, impressora, linha telefônica, internet, celular etc. Cada um na sua casa como se estivesse na sua sala na empresa. Uma vez por semana nos reunimos para avaliar a semana que passou e planejar a que inicia. Reduzimos custos, melhoramos qualidade de vida, nos tornamos mais produtivos. Ganhamos todos.
Agora, a empresa, que até 2010 ocupava uma área de mais de duzentos metros quadrados, está numa sala de vinte e cinco metros quadrados da minha casa, e sobra espaço. Ao lado de uma área de preservação, numa rua sem saída. No bairro Atiradores. Ao centro da cidade, às vezes, uma única vez por mês preciso ir. Evito-o ao máximo.
Há uns três anos eu estava no banho e ao olhar para baixo um susto. Me via eunuco! Meu corpo estava se deformando com uma enorme barriga a caminho. Desde a decisão de não ter mais carro, meu corpo vem voltando ao normal. Agora, no banho, encosto o queixo no peito e minha autoestima entra em ereção.
√ Não jogo mais gases que aumentam o efeito estufa no ar.
√ Não contribuo com a poluição sonora com motores ligados ou buzinas.
√ Não ajudo a congestionar o trânsito.
√ Não me estresso com as filas ou o trânsito parado.
√ Não alimento mais a indústria da multa que sempre dava um jeito de levar meu dinheiro.
√ Não pago mais um monte de taxas e licenças.
√ Já penso em cancelar meu plano de doença, que todos dizem ser plano de saúde.
√ Estou mais saudável, apesar de mais velho.
√ Me sinto mais vivo, apesar de cada vez mais próximo do ocaso.
√ Melhorei muito minha qualidade de vida.
√ Saí da teoria ambiental para a prática sustentável.
Que conquista! Vale a pena.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Fui atropelado e posto à nocaute

Essa postagem não tem imagens como nas anteriores, mas uma história que deverei contar para muitos

Na noite de ontem passei quase três horas na cozinha. Foi a primeira vez que preparei um galo caipira com aipim amarelo. Jantei comendo boas partes da saborosa comida (Nada que uma boa caminhada no dia seguinte não ajude a compensar o exagero gastronômico noturno).Vou repetir o que tenho dito cada vez que termino de cozinhar: "Quando eu escrever tão bem quanto cozinho serei um bom jornalista". O dia amanheceu agradável para isso. A trovoada com as fortes e longas chuvas de ontem deixaram a noite fresca e o amanhecer próprio para o exercício. Aliás, gosto de práticas que permitem ao meu corpo ser a força motriz. Nadar, remar, caminhar e pedalar procuro ao máximo. Pois, foi caminhando para o escritório central que no meio do caminho fui posto à nocaute.
Era a sétima hora da manhã do décimo primeiro dia do primeiro mês do décimo primeiro ano do terceiro milênio. Eu já estava na metade do caminho de uma caminhada de 40 minutos quando tentava atravessar a rua Visconde de Taunay que há muitos anos é mão única. Pedestres e cilclistas, desde a inauguração do calçadão e ciclofaixa que rodeiam a sede do 62 BI (Batalhão de Infantaria) no fim do ano passado, priorizam o local. Pedestres e ciclistas não se obrigam às regras de trânsito de mão e contra-mão, mas convém. Assim, eu caminhava na contramão para atravessar a referida rua em direção à calçada, ali na altura do Bierkeller.
Esquerda direta no fígado
Nesse ponto, uma curva fechada obriga ao pedestre atenção redobrada para não ser pego por veículos que surgem de repente. Então, a atenção é só para o lado esquerdo. Pois, do lado direito pedalava um trabalhador na contra-mão (nesse horário é pequeno o fluxo de veículos). Não o vi nem ouvi. Só senti o impacto que foi como se houvesse tomado um soco de um boxeador. Foi mais ou menos o que aconteceu. A mão esquerda no guidão foi quem acertou-me nas costelas naquele ponto que os boxeadores buscam incansavelmente atingir seus opositores. Foi uma esquerda direta no fígado.
Caí de quatro ralando bastante os joelhos ainda sem entender nada e vitimado por um desmaio de no máximo uns três segundos. Ato contínuo e já consciente ouço uma voz se desculpando. O homem estava perplexo e preocupado comigo. Ainda zonzo, precisei sentar-me (havia um providencial muro baixo) e a primeira coisa que disse foi: "Estás maluco. Vens na contra-mão e não olhas o que tem na frente!". Mas, logo em seguida sorri e disse para ele não se preocupar, apesar da forte dor nos joelhos.
Destruí a bicicleta
Incrível o que vi... A bicicleta entortou, a roda dianteira estava longe e o homem não conseguiu mais pedalá-la. Tudo isso na trombada com o meu corpo! Que muralha, pensei, sendo quase franzino.
Cinco minutos depois eu decidi continuar minha caminhada e me despedi do homem desejando que ele tivesse um bom dia. Senti pena dele. Afinal, foi um acidente. A calça roçando os joelhos me obrigaram a ir mais devagar, quase coxo. Ao chegar à empresa, sentei-me e tive uma vertigem pela dor na região do fígado e rin esquerdo. Não tive dúvidas. Fui imediatamente à emergência do Hospital Dona Helena que fica a menos de 500 metros.
Lembrança cavalar
Dezenas de radiografias e nenhum osso quebrado. Só a visão dos nós de duas costelas quebradas há alguns anos quando meu cavalo passou por cima de mim num tombo em que tentei segurar minha filha que caia do cavalo dela. A cela do meu não estava adequadamente presa (culpa do tratador que era o encilhador) e fiquei por alguns segundos naquela posição que se vê em desenho animado, pendurado embaixo do cavalo com a cela na barriga do animal. Quando meus pés se soltaram dos estribos o animal ainda estava em galope. Caí no chão e uma das patas traseiras pisou exatamente no local onde fui posto à nocaute hoje. Boas lembranças da minha relação com esses belos e gigantes animais (apesar da dor).
Mais de duas horas depois e consulta com especialistas, o jovem médico (Damiano S. Hemkemaier) deu-me uma lista de sintomas que se um deles se apresentar devo voltar à emergência. "Observação rigorosa pelas próximas 48 horas", alertou o simpático médico. Então, estou me observando, ralado e dolorido, mas como sou "patrão", como disse o outro médico que queria me dar um atestado médico, estou trabalhando.
Em Joinville, que já foi considerada a "Cidade das bicicletas", ciclovias e ciclofaixas e trânsito cada vez mais congestionado estimulam pedestres e ciclistas. Há três anos que evito usar o carro muito mais por uma preocupação ambiental. Aprendi, nas costelas, que devo ser mais cuidadoso. Tentarei.