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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Di Dá Dó, no Fórum Mundial da Bicicleta

Já fiz um post sobre palhaços. Estes, da foto abaixo, fazem parte de um daqueles três grupos. A Bandinha Di Dá Dó é contagiante, divertida com seu clown music. Que "Quarteto Fantástico"! 



















Foi assim o encerramento do primeiro dia do Segundo Fórum Mundial da Bicicleta, em 21 de fevereiro de 2013, em Porto Alegre, RS.
Acompanhei algumas oficinas e fiz alguns registros fotográficos que ilustram essa postagem.
Gentileza ao Pedalar contou com a participação de quatro painelistas que optaram por uma "conversa" com a plateia ricamente participativa.

Henrique Weyne, Renato Pecoitz, Alex Magnum e Letícia Cecagno

O foco da discussão, a paz no trânsito. Renato Pecoitz, que pedala desde os quatro anos de idade, não tem dúvidas. "Quando o egoísmo impera, as coisas começam a dar errado". E esse é um dos mais sintomáticos problemas da "guerra" no trânsito. Cada motorista se sente dono de toda a infraestrutura viária; que ele tem todas as preferências, mesmo na irracional competição egoísta com outros motoristas. Na relação com as bicicletas, essa competição sempre deixa o frágil ciclista em desvantagem.
No fim do dia, público foi atraído pela alegria da Bandinha Di Dá Dó

Para Pecoitz, os ciclistas precisam deixar de olhar os automóveis como se eles fossem "seres vivos". "Devemos olhar nos olhos dos motoristas e menos para os carros".
Pecoitz, que tem parte da perna direita amputada por conta de um acidente com motocicleta, diz que as bicicletas estão conquistando cada vez mais espaços e os ciclistas, respeito. Ele recomendou aos presentes que os cicloativistas devem defender um "sistema cicloviário" nos seus municípios, e não apenas "algumas ciclovias ou ciclofaixas isoladas".
Tendo a bicicleta como seu veículo de locomoção com média de 28 km/dia de pedalada, Renato Pecoitz comemora que empresas já começam a construir bicicletários e banheiros com chuveiros e armários para seus empregados. Essa é uma tendência irreversível e muitos comércios, shoppings, bancos já perdem clientes por não oferecerem bicicletários em locais seguros e higiênicos.
Mezanino da Casa da Cultura Mário Quintana lotou
para o debater a falta de gentileza no trânsito

Alex Magnum é mensageiro há um ano. O bike boy surpreendeu a plateia ao afirmar que as mulheres motoristas são mais agressivas com os ciclistas no trânsito. "Elas me xingam muito mais, me encaram, me enfrentam, me hostilizam mais que os homens".
Motoristas de ônibus são mais gentis com ele que os motoboys e os taxistas. "Raramente tenho problemas com ônibus, já com taxistas motoboys é mais comum  enfrentamentos de muita agressividade".
Letícia Cecagno é uma cicloativista que organiza e participa de eventos para a conscientização da paz no trânsito. Ano passado atuou com o projeto "Bicicleta é amor". No dia 23, próximo sábado, da "Pedalada Cantante". "A gente recebe de volta o que entrega", diz, afirmando que o ciclista precisa ser mais gentil com pedestres e motoristas. É a óbvia lei da ação e reação tão desconhecida da maioria da humanidade!
Ela também chamou a atenção para outra reação em favor dos ciclistas. "Quando estamos usando equipamentos de proteção como capacetes e sinalizadores, os motoristas nos respeitam mais". O mesmo afirma Henrique Weyne, que é técnico em segurança do trabalho. Segundo ele, depois da Primeira Massa Crítica houve um crescimento muito grande de mobilizações em favor dos ciclistas que têm resultado em ambientes cada vez menos hostis às bicicletas.
A plateia foi ativa com alguns depoimentos oportunos ao evento, sendo que um dos interventores lembrou que Porto Alegre segue a regra das cidades brasileiras, "é uma cidade para os carros, portanto, para uma minoria - os que têm carro -, logo, não é uma cidade democrática".
Noutra oficina, apresentada por Renato Zerbinato, do Ciclobservatório - Observatório Nacional da Mobilidade por Bicicleta, o brasiliense disse que entre os objetivos da organização está elaborar metodologia de avaliação da qualidade da mobilidade ciclística urbana. "Queremos envolver os ciclistas no processo de avaliação e monitoramento e publicar as informações em meios eletrônicos gratuitos".
Outro objetivo destacado por Zerbinato é a criação e atualização de um banco de dados sobre as políticas públicas e sobre as estruturas cicloviárias visando contribuir para a segurança dos ciclistas e para o encorajamento de novos usuários.
Com o tema "O século XX e a Formação das (So)ci(e)dades Automotivas: fundamentos históricos das resistências ao transporte ativo", o mestre em antropologia Thomás Antonio Burneiko Meira fez uma apresentação professoral demonstrando os enormes desafios de ciclistas pedalarem em cenários concebidos para carros.
O evento, bem organizado, consolidado no voluntariado, é uma iniciativa que tende ao crescimento, pois oportuniza à sociedade e, principalmente, aos governantes, disponibilidade de grande diversidade de saberes, teóricos e práticos, em favor da bicicleta e dos seus usuários.
No dia 23, às 11h, será minha vez com a oficina "Um ser menos destrutivo".
Outras postagens sobre este tema:
Deputado catarinense quer manual para ciclistas
Vicie-se, por favor

Agora, mais algumas imagens do evento e suas atrações culturais: