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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Teatro no bar

Joinville, SC, já rompeu a barreira de meio milhão de habitantes. Apesar disso é uma cidade provinciana que se transforma. A maior cidade do estado de Santa Catarina já oferece boas e diversificadas opções gastronômicas. A via consolida-se. Mas, os únicos "diferenciais" de algumas casas ainda residem na mesmice dos telões com vídeos musicais ou música ao vivo.

Todavia, uma iniciativa inovadora e produzida por Muriel Szym tem tudo para melhorar esse quadro. O teatro começa a invadir os "botecos". A primeira temporada encerrada no domingo, 30 de maio de 2010, pode se configurar como um destes pequenos e importantes fatos histórico/culturais.

O produtor cultural Mureil Szym e o empresário Kristhian Lenoch, do Bovary
No palco do Bovary Snooker Pub (antigo Liverpool) o Grupo Gats de Teatro de Jaraguá do Sul, SC, com a peça "Tanto Trabalho Pra Nada", o teatro invade um espaço carente e com um público desejoso de boas e divertidas obras. A parceria de Szym e Lenoch foi um investimento que promete. O primeiro espetáculo é uma excelente obra de um dos mais respeitados grupos de Santa Catarina, o Grupo Gats de Teatro.
Leone Silva e Ilaine Melo, atores e empreendedores do teatro encontram-se no Bovary

O evento foi também de encontros. Leone Silva (Gats) e Ilaine Melo (Unicórnio) iniciaram no teatro praticamente na mesma época. Em 1998, quando ela assistira esse mesmo espetáculo com overdose de machismo, no meio da peça ela se retirou da plateia, indignada. "Dessa vez ficasse", brincou Leone Silva. Atriz e diretora, ela reconheceu a "evolução" da peça. "Como é bom ver um espetáculo tão melhor anos depois", comentou. Dela, também, os atores arrancaram gargalhadas.

Acredite, mas a imagem acima não é de nenhum espetáculo. São amigos, "teatreiros" conversando...

Parte do elenco comemora com Ilaine Melo (braços cruzados) o sucesso da noite
"Tanto Trabalho Pra Nada" é delicioso, divertidíssimo. Entre os atores há um escolhido da platéia que encena com o grupo toda a peça. Imperdível. O grupo se despediu prometendo que retorna com outros espetáculos. Eu, já estou esperando e torcendo para que a parceria do Szym e do Lenoch se fortaleça. Eu levei um casal de amigos (os empresários Lourival e Ieda Matos Elyas). Eles também, saíram encantados e deverão levar outros. É asssim que funciona...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carlos Franzói no Sótão


Feriado de 21/04/2010. Anoitece no Galpão de Teatro da Dionisos. 19h. O espetáculo de teatro em montagem, Sótão, agora tem mais um construtor, o artista plástico Carlos Franzói. Ele e Ilaine Melo tem quase a mesma cronologia na relação com a arte. Decorridos mais de cinco anos de afastamento, o reencontro. Franzói vem para o grupo com seu olhar estético, semiótico, enriquecer a plástica de Sótão. Contemporâneo e provocador com suas intervenções artísticas que um dia o levaram à prisão, na conservadora e intolerante Joinville, este professor universitário e agora diretor do Museu de Arte de Joinville, MAJ, integra-se ao grupo como diretor. No primeiro encontro de trabalho, depois de uma demorada conversa na semana anterior no reencontro com Ilaine Melo, uma oficina com um elemento que deve compor o cenário do espetáculo e interagir com a obra, o tecido.
Carlos Franzói, Ilaine Melo e Muriel Szym discutem o roteiro de Sótão.

sábado, 17 de outubro de 2009

Sótão premiado


Tenho me arvorado como produtor cultural. Na empresa, temos produzido projetos diversos para serem viabilizados com captação de recursos públicos e privados para a produção de eventos culturais, artísticos, educativos etc.
O projeto “Histórias da Nossa Gente”, patrocinado pelo Governo Federal através do Ministério da Cultura resultou numa pesquisa de campo para o resgate de parte do patrimônio imaterial em cinco comunidades rurais e de pescadores de Joinville e região. Uma dramaturgia foi produzida com esta pesquisa e também premiada pelo Governo do Estado de Santa Catarina em 2009. A produção de um espetáculo de teatro (Sótão) está em andamento com estreia prevista em novembro de 2010.

Sótão - Concorreu com quase dois mil projetos e foi um dos 189 premiados pelo Edital Elisabete Anderle de Estímulo a Cultura

Ilaine Melo comemora o encontro com a arma ideal que deveria ter composto cenário de outro espetáculo: Babaiaga. Muriel Szym atento ao desfecho da descoberta...

Ficha Técnica
Direção: Ilaine Melo
Atores: Ilaine Melo e Muriel Szym. Trilha sonora: Fabio Kabelo
Confecção de instrumentos musicais: Fábio Kabelo
Produção: Altamir Andrade

Em 2006 a dramaturga, diretora e atriz de teatro Ilaine Melo, foi uma das premiadas do Prêmio Mirian Muniz da Funarte. O Prêmio recebido era para realizar uma pesquisa junto a cinco comunidades da Região de Joinville, “resgatando” lendas, mitos, causos, que fazem parte do “acervo cultural imaterial” destas comunidades, tendo como objeto final a elaboração de um texto dramatúrgico. As regiões pesquisadas foram:
- Estrada Palmeiras (comunidade rural de Joinville)
- Morro do Amaral (comunidade pesqueira de Joinville)
- Quiriri (comunidade rural de Joinville)
- Barra do Itapocu (comunidade rural de Araquari)
- Vila da Glória (comunidade pesqueira de São Francisco do Sul).

Todos ficaram mais tranquilos ao ver o destino/uso do comemorado punhal, especialmente Fábio Kbelo que foi servido com um naco da sua mais consumida iguaria: torresmo

Nasceu assim: Sótão, um texto que funde histórias e mistério, o envolvimento com o fantástico, com o sobrenatural tão presente e vivo em comunidades tradicionais. O texto aborda quatro blocos:
1- Lobisomens
2- Bruxas
3- Benzedeira
4- Mortos e Assombração

Assim deverá ser o espetáculo: quatro pequenos atos, independentes, mas, intimamente ligados por um fio condutor - o imaginário. A ideia de montagem é que o espetáculo seja apresentado preferencialmente em sótãos e teatros de bolso, locais onde por si só reside o mistério; mistério é a palavra-chave do espetáculo. O objetivo é envolver a platéia num universo atemporal, num encontro-reencontro com arquétipos que envolvem a humanidade a milhares de anos. O espetáculo irá envolver a arte milenar da narrativa com uma atuação contemporânea, não linear, onde o corpo, a voz e a música não são elementos ilustrativos, são a própria cena, são a própria ação.



O cenário deverá ser um ambiente acolhedor, com cheiro de mistério, de lugar não-comum. Cada canto do ambiente contará por si só uma história. A intenção é que a platéia ao entrar no local, tenha pequenas histórias contadas sem necessariamente ouvir uma única palavra. Signos estarão espalhados por todo o espaço.
A música também deverá fazer parte da dramaturgia. Instrumentos não convencionais serão construídos para, além da trilha sonora, enriquecer a composição do cenário. Portanto, a atuação, a música e o cenário, são convites para o espectador mergulhar nas histórias que a muito fazem parte do inconsciente coletivo.

O grupo no processo criativo. Percebe-se, não?
Dar vida cênica a estas lendas, a estas assombrações, vai além de mantê-las entre nós, pretensiosamente queremos dar a elas um tom poético, usar do poder do teatro para tanger a alma humana, transpondo o limite entre o real e o imaginário.
Descrição: Montagem do espetáculo de teatro para espaços alternativos. Espetáculo que envolve trechos de histórias do universo popular catarinense. Histórias estas recolhidas em cinco comunidades tradicionais: pesqueiras e rurais do norte do Estado de Santa Catarina.

O primeiro encontro para criação do bloco do lobisomem aconteceu no sítio do amigo Gilmar Ferreira, às margens da BR 376, no Paraná, na noite chuvosa de 15 de outubro de 2009, Dia do Professor. A recepção que tivemos pelo chacreiro (Sagui, como é conhecido) foi inusitada. Ele estava com o "tanque" cheio, mas foi gentilmente solícito.