terça-feira, 4 de maio de 2021

Vivo um dilema de vida e morte como poucas vezes na minha vida

Dada a gravidade e o poder letal do Covid19 decidi logo no início da pandemia que tomaria a vacina contra esse vírus.
Foi tudo bem até o fim do dia...
Nunca tomei as vacinas contra as gripes aplicadas anualmente.
Sempre preferi contraí-las para garantir meu natural reforço imunológico.
Foi assim até meus 62 anos de vida completados mês passado.
Outra razão pela qual evitei vacinas é porque descobri, aos meus 20 anos, que sou alérgico a praticamente todo o tipo de medicamento.
Foi lá, na tenra idade, que uma reação alérgica a remédios provocou uma trombose que quase tirou-me a vida.
Desde então, tomo muito cuidado com minha saúde.
Nem remédios para dor posso ingerir.
Aliás, aos 35 anos, medicado que fui por uma companheira que desconhecia esse fato, quando uma febre quase convulsionou-me e ela medicou-me um desses antitérmicos que todos ingerem normalmente, a reação alérgica imediata por pouco me levou deste mundo sufocado num choque anafilático.
Foi um horror!
Um simples analgésico quase tirou-me a vida!
No entanto, o Covid19, com tal letalidade e efeitos colaterais, convenceu-me à vacina e a correr todos os riscos, que no meu caso, são muito particulares, muito altos.
E lá estava eu, no feriado do primeirio dia de maio de 2021, no Centreventos Cau Hansen; um dos primeiros da fila, antes das 8h da manhã, tomando a primeira dose.
Vacina aplicada senti-me feliz por essa conquista de saúde pública que defendo tanto num momento de concentrados e irracionais ataques ao que é público no meu País.
Desde então, e escrevo esse texto 72h depois da vacina, após três noites não dormidas por fortes dores musculares e de cabeça como raríssimas vezes senti na vida, só agora essas dores começam a diminuir.
Tudo normal, pois eram reações previstas pelos especialistas.
Mas, ainda vivo o dilema...
Alguns raros casos de tromboses fatais têm sido registrados como reação à vacina.
Eu já sabia quando decidi correr o risco.
Meu histórico de 40 anos atrás faz-me ficar alerta pelos próximos dias, pois aquela trombose de veia subclávia que quase chegou ao coração foi se formando lentamente e confirmada alguns dias depois numa flebografia, procedimento que também deixou-me completamente deformado por alguns minutos como reação alérgica ao medicamento contrastante na radiografia que fui obrigado a fazer como único exame possível à época.
Lá atrás, um remédio anticoagulante que estava em fase de testes foi o que garantiu que ainda tenho os dois braços no meu corpo.
A amputação era uma alternativa, caso a droga não fizesse efeito, para tentar evitar a coagulação crescendo até o coração.
Exatamente no dia do meu aniversário ganhei o melhor presente de toda a minha vida: a permanência de meu braço direito no meu corpo...
Uma nova flebografia, que mais uma vez deformou-me o corpo por alguns minutos, confirmou que o trombo havia parado de crescer.
Agora, apesar de as dores estarem indo embora, ainda estou observando-me como poucas vezes na minha vida... pois, uma trombose, em algum lugar do meu corpo pode estar em formação, já que tenho histórico.
Sim, é um momento de tensão.
Mas, a decisão foi bem pensada, com todos os riscos.
E se eu estiver no grupo de risco de grave reação à vacina isso não deve invalida-la, pois é um caso em milhões!
Por isso continuo incentivando todas(os) que tenham acesso à vacina que a tomem.
Ela pode matar? Pode.
Casos raríssimos, percentuais insignificantes foram registrados.
Mas, um antitérmico, desses que você tem na sua casa e qualquer pessoa pode comprar sem receita numa farmácia também pode matar em casos raríssimos iguais ao meu.
Há 40 anos a ciência salvou-me a vida; no mínimo manteve o braço no meu corpo.
Agora, está salvando-me novamente.
Por isso comemoro: Viva a Ciência. Viva o SUS.
E em 31 de julho vou para a segunda dose.
Espero.
Mesmo que eu não esteja aqui amanhã, repito:
Viva a Ciência. Viva o SUS.

2 comentários:

  1. Força aí, Altamir.
    Você tem muitas contribuições para ajudar a humanidade.

    Forte abraço.

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  2. Que bom que deu tudo certo Sr! Grande abraço

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