terça-feira, 21 de julho de 2009

Premiados do II Festival Paulínia de Cinema

A imagem é o troféu Menina de Ouro gigantemente ampliado para um monumento no meio da rótula rodoviária de acesso ao Polo Cinematográfico de Paulínia, SP

A Coca-cola, o jeans, o tênis foram vendidos para o mundo através do cinema. Nos EUA a indústria cinematográfica é prioridade de governo e uma ferramenta de integração extraordinária. O atraso brasileiro nessa área teve um capítulo recente protagonizado pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo quando numa canetada extinguiu a Embrafilme. Com a Ancine o governo está incentivando a retomada dos investimentos. Apesar disso, não faltam críticas às políticas do Governo Federal.
Durante o II Festival Paulínia de Cinema debates diários enriqueceram o evento que aconteceu no período de 9 a 16 de julho. No que tratava dos “Desafios da Produção Cinematográfica”, o presidente da Academia Brasileira de Cinema (ABC), Roberto Figueira de Farias foi enfático: “Iniciativas como Paulínia são muito mais saudáveis porque os incentivos são dirigidos ao cineasta”.
A afirmação se justifica porque segundo Farias as leis de incentivo não foram feitas para o cineasta. “O incentivo é oferecido a empresas a quem o cineasta deve buscar dinheiro (patrocínio público ou privado) para fazer o filme. Elas viram sócias dos filmes. São as grandes empresas que decidem quais filmes serão produzidos no Brasil”.
A produtora Mariza Leão, da Morena Filmes, faz coro e complementa que no sistema atual via editais o filme sofre ainda a avaliação de uma comissão que faz um julgamento que é sempre uma abstração e raramente tem pensamento estruturado como acontece em Paulínia. “Aqui o pensamento é vertical com formação e utilização de mão de obra, por exemplo. Aqui você tem balizamentos que permitem entender quando você deve trazer seu projeto para cá, diferente de outros fora de Paulínia”.
O presidente da ABC também encontra unanimidade no meio artístico quando diz que, por ser público o dinheiro recebido via editais, há uma série de exigências burocráticas “infernais” que custam caro. “Não estou pregando que a forma atual desapareça, mas que se busquem alternativas para mais liberdade de expressão. Hoje fazemos filmes para agradar empresas, diretores de marketing e patrocinadores”, desabafa Farias.
Apesar de estar na segunda edição, o Festival Paulínia de Cinema já é reconhecido nacionalmente. Representantes do estado que sempre foi líder no segmento audiovisual, o Rio de Janeiro, vieram buscar inspiração. “Estamos impressionados com tudo o que já tem e acontece aqui em tão pouco tempo. É uma visão inovadora, de longo prazo”, reconhece Cristina Bokel Becker, Chefe do Escritório de Apoio ao Áudio Visual da Secretaria de Estado de Cultura carioca.
O Secretário de Cultura de Paulínia Emerson Pereira Alves admite que a cidade criada pelos militares em 1964 como estratégia de Segurança Nacional com a instalação da maior refinaria de petróleo do país ainda não vive do cinema. “Mas a semente que se plantou no governo passado já está dando frutos. Em média, cada R$ 10 mil investidos geram trinta empregos diretos. Cada um destes cria mais três indiretos”, afirma Alves que era secretário municipal na gestão anterior.
A política de incentivo ao cinema em Paulínia destina verbas do Fundo Municipal de Cultura via editais (no mínimo 1,5% da receita em cultura) sob a forma de prêmios. “Criada há cerca de quatro anos, com essa lei o dinheiro vem da prefeitura através de fomento. Quem ganha não precisa correr atrás de empresas para deduzir de impostos os seus patrocínios”, explica o diretor geral do festival Ivan Melo.
Neste II Festival Paulínia de Cinema foram distribuídos R$ 650 mil em prêmios entre os competidores. A relação dos premiados se compõe de excelentes sugestões para quem aprecia boas obras. São elas:

LONGA-METRAGEM FICÇÃO
Melhor Filme (R$ 60 mil): Olhos Azuis, de José Joffily.
Melhor Direção (R$ 30 mil): Ana Luiza Azevedo, de Antes que o Mundo Acabe
Prêmio Especial do Júri (R$ 30 mil): O Contador de Histórias, de Luiz Villaça.
Melhor Roteiro (R$15 mil): Paulo Halm e Melanie Dimantas, de Olhos Azuis
Melhor Ator (R$ 25 mil): Marco Ribeiro, Paulo Mendes e Cleiton Santos, de O Contador de Histórias
Melhor Atriz (R$ 25 mil): Cristina Lago (Olhos Azuis), Silvia Lourenço e Maria Clara Spinelli (Quanto Dura o Amor?)
Melhor Ator Coadjuvante (R$ 15 mil): Irandhir Santos, de Olhos Azuis
Melhor Atriz Coadjuvante (R$ 15 mil): Nívea Magno, de No Meu Lugar
Melhor Figurino (R$ 15 mil): Rosangela Cortinhas, de Antes que o Mundo Acabe
Melhor Trilha Sonora (R$ 15 mil): Leo Henkin, de Antes que o Mundo Acabe
Melhor Direção de Arte (R$ 15 mil): Fiapo Barth, de Antes que o Mundo Acabe
Melhor Som (R$ 15 mil): François Wolf, de Olhos Azuis
Melhor Montagem (R$ 15 mil): Pedro Bronz, de Olhos Azuis
Melhor Fotografia (R$ 15 mil): Jacob Solitrenick, de Antes que o Mundo Acabe.

LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Melhor Documentário (R$ 45 mil): Só Dez Por Cento é Mentira, de Pedro Cezar
Melhor Direção de Documentário (R$ 30 mil): Roberto Berliner e Pedro Bronz, por Herbert de Perto

CURTA-METRAGEM REGIONAL
Melhor Filme (R$ 20 mil): Juliano Luccas, de Spectaculum
Melhor Direção (R$ 15 mil): Caue Fernandes Nunes, de Quem será Katlyn
Melhor Roteiro (R$ 8 mil): Pedro Struchi, de Prós e Contras
Melhor Ator (R$ 8 mil): Alexandre Caetano, de Prós e Contras
Melhor Atriz (R$ 8 mil): Roseli Silva, de Morte Corporation
Melhor Montagem (R$ 8 mil): Caue Fernandes Nunes, de Quem será Katlyn
Melhor Fotografia (R$ 8 mil): Marcelo Mazzariol, de Spetaculum

CURTA-METRAGEM NACIONAL
Melhor Filme (R$ 20 mil): Timing, de Amir Admoni
Melhor Direção (R$ 15 mil): Érico Rassi, de Milímetros
Melhor Roteiro (R$ 8 mil): Erico Rassi de Milímetros
Melhor Ator (R$ 8 mil): Fábio Di Martino, de Milímetros
Melhor Atriz (R$ 8 mil): Débora Falabella, de DoceAmargo
Melhor Montagem (R$ 8 mil): Amir Admoni, de Timing
Melhor Fotografia (R$ 8 mil): André Modugno, de Relicário

PRÊMIO DA CRÍTICA
Melhor Filme de Ficção: Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo
Melhor Filme de Documentário: Moscou, de Eduardo Coutinho

JÚRI POPULAR
Melhor Filme de Ficção (R$ 30 mil): O Contador de Histórias, de Luiz Villaça
Melhor Filme de Documentário (R$ 20 mil): Caro Francis, de Nelson Hoineff
Melhor Curta-metragem Nacional (R$ 10 mil): Nesta Data Querida, de Julia Rezende
Melhor Curta-metragem Regional (R$ 10 mil): Quem será Katlyn, de Caue Fernandes Nunes